Com a passagem do furacão Ida nos EUA, que causou sérios danos às instalações portuárias do Golfo do México, principal canal exportador de grãos americanos, os prêmios para a venda de soja em grão no Brasil dispararam.
Segundo levantamento da consultoria T&F, no porto de Paranaguá (PR) o prêmio subiu 228,7%, passando de US$ 0,73 por bushel, no dia 23 de agosto (data de chegada do furacão), para US$ 2,40 por bushel na sexta-feira. No porto de Rio Grande (RS), a alta foi de US$ 0,18 bushel, para US$ 1,93 – um aumento de 972%. E, em Santos (SP), onde o valor também estava em US$ 0,18 por bushel, na sexta-feira eram US$ 2,45 por bushel (aumento de 1.211%.
Com a demanda americana caindo a zero no porto de New Orleans, as cotações de Chicago também recuaram e a elevação dos prêmios nos portos brasileiros apenas compensou essa queda, sem melhorar significativamente os preços recebidos pelos vendedores brasileiros, ressalta o analista Luiz Pacheco, da T&F.
O problema, segundo ele, é que grande parte do volume que está sendo negociado agora no Brasil para exportação iria para o esmagamento interno, como vinha acontecendo. “Com menor disponibilidade, a indústria teve que reduzir a produção de farelo e, consequentemente, o preço deverá subir”, diz.
Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, os prêmios pagos para a exportação no Brasil são os mais altos desde novembro de 2018. No porto de Paranaguá (PR), o prêmio para o grão chegou a US$ 2,48 bushel na última semana. Para o farelo de soja, os prêmios estão nos patamares mais elevados desde agosto de 2014, a US$ 52.
Como resultado, os indicadores de preço do Cepea no Paraná avançaram nos últimos dias. A referência para o porto de Paranaguá encerrou a sexta-feira a R$ 175,44 por saca de 60 quilos, alta mensal de 5,1%. O indicador para o Estado ficou em R$ 171,60 a saca (+4,35%).