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Entrevista

Gente que faz

Entrevista com Nelson Morés aborda sua trajetória dentro da suinocultura. Pesquisador quer atuar em pesquisas de doenças respiratórias.

Gente que faz

O nome do Dr. Nelson Morés é hoje uma das maiores referências suinocultura nacional. E não é para menos. Afinal esse Médico Veterinário formado pela Udesc em Lages (SC) mestre em Patologia Animal, atua desde 1984 na Embrapa Suínos e Aves; destacando-se na condução de projetos de pesquisa que contribuíram decisivamente para a melhoria da sanidade dos rebanhos brasileiros. Exercendo cargos de gerência de pesquisa, atuou sempre em posições de destaque: foi Coordenador Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves; Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Suínos e Aves em Concórdia, SC; liderou projeto direcionado ao estudo e controle das micobacterioses em suínos no Brasil. De 2001 a 2005 coordenou um projeto de erradicação da doença de Aujeszky em Santa Catarina, em parceria com agroindústrias, Associação de produtores e com a Empresa encarregada da Defesa Sanitária Animal em SC (Cidasc), alcançando a meta proposta em 2004.

Atualmente, Dr. Nelson lidera um projeto de pesquisa que visa à produção de suínos em família sem a utilização de antibióticos nas rações como preventivo de doenças, e outro que visa desenvolver metodologia para identificar problemas infecciosos reprodutivos na fêmea suína. E como se não bastasse, ainda atua como Membro do Comitê Nacional de Sanidade Suína e Consultor em sanidade suína. No meio de tanta atividade, ainda encontra tempo para ser ele mesmo, um produtor de suínos desde 1991.

Confira alguns momentos da entrevista realizada pelo Infosuínos com o Dr. Nelson Morés.

Infosuínos: Como o Senhor se interessou pela suinocultura?

Dr. Nelson Morés: Meu pai era produtor de suínos de reprodução desde a década de 60. Então, desde minha juventude auxiliei meus irmãos e meu pai na granja e fui adquirindo muito gosto pela produção de suínos. Na década de 70 quando a rinite atrófica começou atacar os rebanhos de suínos no Brasil, inclusive a granja de meu pai, eu me fazia muitos questionamentos a respeito da doença e não encontrava respostas. Daí nasceu a i déia de cursar a medicina veterinária e atuar na suinocultura, especialmente em sanidade. Mesmo durante o curso, pra mim não havia uma 2ª opção: sempre me dedicava às questões ligadas a produção e sanidade de suínos.

Infosuínos: Em sua opinião, quais os desafios que a suinocultura nacional ainda tem pela frente?

Dr. Nelson Morés: À medida que a atividade cresce, tanto em melhoria de índices produtivos como em escala de produção, crescem também os desafios. Acredito temos como desafios importantes para a suinocultura nacional: 1) Encontrar alternativas técnica e economicamente viáveis, para minimizarmos impactos ambientais na produção em larga escala e em longo prazo; 2) Equalizar as questões de movimentação e mistura de leitões de diferentes origens para diferentes sítios de produção, pois isso traz conseqüências sanitárias importantes e implica no uso excessivo de antimicrobianos para manter níveis adequados de produtividade; 3) Melhorar o sistema de informações epidemiológicas sobre enfermidades dos suínos no Brasil e ser criterioso na realização das monitorias periódicas sobre doenças de controle oficial. Aqui é importante ressaltar que, em hipótese alguma, essas questões podem ficar na dependência da disponibilidade de recursos financeiros, laboratoriais ou de infra-estrutura. Os programas sanitários oficiais de forma alguma podem sofrer soluções de continuidade; 4) Considero um grande desafio para o setor produtivo de suínos estabelecer políticas que minimizam as grandes oscilações de custo de produção de preço do suíno. Como o ciclo de produção é relativamente grande (10 – 12 meses), o setor necessita de melhor estabilidade nos preços. Só isso vai garantir a lucratividade de cada elo da cadeia. Com as grandes oscilações que o setor tem passado, muitos programas, em especial os sanitários muitas vezes não são executados conforme o preconizado, desestabilizando os rebanhos. E isso é muito ruim, pois levamos muito tempo para encontrar um novo equilíbrio; e finalmente 5) acredito que o conforto térmico deva receber atenção. Para diferentes regiões do Brasil, em especial para o período quente do ano e para as fases de maternidade, cobrição e terminação e para o período frio no inicio da fase de crescimento. Nos últimos anos houve avanços importantes nos sistemas de aquecimento para escamoteadores na maternidade e para a fase de creche. Todavia, o frio no inicio da fase de crescimento, principalmente no inverno na região sul, e o calor na maternidade cobrição e terminação são fatores de risco importantes que limitam a produtividade nessas fases.

Infosuínos: Quais seus projetos pessoais para o futuro?

Dr. Nelson Morés: Atualmente estamos executando um projeto de pesquisa cujo objetivo principal é o desenvolvimento de um modelo de sistema produtivo em ciclo completo em baixa escala de produção (até 50 matrizes) que privilegia o bem-estar-animal e sem uso de antimicrobianos preventivos de doenças nas rações, mantendo índices de produtividade semelhante aos sistemas industriais. Essa pesquisa é destinada basicamente à agricultura familiar e com foco na qualidade do produto final.

Também pretendo dedicar grande parte do meu esforço nos próximos anos em estudos com doenças respiratórias de suínos, com forte impacto na produção e em técnicas patológicas de diagnóstico em parcerias com outros colegas pesquisadores. Com relação a doenças respiratórias estamos em fase de aprovação de projeto de pesquisa sobre a “pasteurelose pulmonar em suínos” em parceria com outras instituições. Nos próximos três anos me dedicarei a essas linhas de pesquisa em suínos.

Infosuínos: Um pensamento sobre a atividade…

Dr. Nelson Morés: O mundo deve repensar os módulos de criação de suínos exageradamente grandes por questões sociais, ambientais e de bem estar animal. Não basta apenas que a atividade dê lucro, é preciso que seja sustentável a longo prazo.

Os esforços no sentido de maximizar a transferência de tecnologia e de sempre melhorar a sua comunicação com a sociedade, nos moldes em que são praticados pela Unidade, influenciam na competitividade do agronegócio nacional e dão a sua contribuição decisiva para que o Brasil ocupe cada vez mais espaço nos mercados internacionais.

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