Com a quebra na safra de milho, a pressão para o uso do trigo como ração animal ganhou força entre os produtores de aves e suínos do Rio Grande do Sul. E produziu efeitos em Brasília: o governo promete definir nesta semana a realização de leilões com esse objetivo.
De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Caio Rocha, a publicação da portaria com a autorização para os leilões – que depende da assinatura dos ministros da Agricultura, do Planejamento e da Fazenda – deve sair nos próximos dias. A expectativa de entidades ligadas à produção de aves e suínos é de que 500 mil toneladas de trigo sejam incluídas no mecanismo.
Para o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado, Rogério Kerber, a utilização do trigo resolve dois problemas: as dificuldades de escoamento do cereal e de garantia da alimentação animal.
“Como o produto está estocado no Estado, o custo seria mais acessível, pois economizaria em logística e em ICMS”, alerta Kerber.
Chefe-geral da Embrapa Trigo em Passo Fundo, Sergio Roberto Dotto concorda que essa é uma forma de escoar o excedente do Estado de cerca de 1,1 milhão de toneladas, já que o custo operacional emperra a venda externa.
“Para moinhos da região sudeste do Brasil, custa mais barato importar trigo da Argentina”, explica Dotto.
Apesar do estoque, o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no RS (Sinditrigo), José Antoniazzi, pondera:
“Há cerca de 345 mil toneladas à venda. Esse é o número que poderia ser incentivado. Caso contrário, ao tentar solucionar um problema, pode-se criar outro”.