Após a descoberta de centenas de aves mortas ao longo da costa do Pacífico mexicano no início deste ano, especialistas inicialmente suspeitaram da presença da gripe aviária. No entanto, o governo anunciou ontem (15) que as correntes quentes do oceano Pacífico, associadas ao fenômeno climático El Niño, foram as verdadeiras causadoras dessa mortalidade em massa.
De acordo com o Departamento de Agricultura do México, testes realizados nas aves revelaram que elas morreram de fome, e não de gripe. O aquecimento das águas superficiais do Pacífico, provocado pelo El Niño, tem ocasionado o deslocamento de peixes para águas mais profundas e frias, dificultando a busca de alimento pelas aves.
As principais espécies afetadas foram cagarras, gaivotas e pelicanos. A mortalidade ocorreu em estados que vão desde Chiapas, na fronteira com a Guatemala, até o norte e oeste da Baja Califórnia. O El Niño é um fenômeno natural, temporário e esporádico de aquecimento das águas do Pacífico, capaz de alterar padrões climáticos em todo o mundo.
Protesto
O governador do estado mexicano de Sinaloa, Ruben Rocha, incentivou agricultores que protestavam contra os baixos preços do milho e do trigo a ocuparem armazéns ou escritórios de grandes empresas do setor alimentício. Os manifestantes ocuparam o aeroporto da cidade de Culiacán na terça-feira (13), resultando no cancelamento de diversos voos, mas encerraram o bloqueio no dia seguinte (15).
“Convido vocês a se juntarem a mim para protestar contra os verdadeiros responsáveis pela queda dos preços das colheitas: Gruma, Cargill e Minsa”, escreveu Rocha em suas redes sociais. A Cargill é uma empresa alimentícia americana, a Gruma é uma produtora mexicana de farinha, pertencente ao Grupo Maseca, e a Minsa é uma produtora mexicana de farinha de milho. “Ao invés de tomarem o aeroporto, ocupem os armazéns desses grandes grupos industriais”, disse Rocha à imprensa local. “Eu estarei com eles.”
O presidente Andrés Manuel López Obrador declarou que não interviriaria na disputa. Ele acusou grandes fazendeiros de se aproveitarem de um sistema de subsídios destinado a pequenos agricultores e afirmou que o protesto tinha motivações políticas. “Não vamos recuar”, afirmou López Obrador.