Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Governo eleito tem dúvida jurídica sobre "lei da bengala" na Embrapa

Senadora Kátia Abreu, que faz parte da equipe de transição, afirma ainda haver divergência sobre demissão compulsória de funcionários de 75 anos

A ministra Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, apresenta o Plano de Desenvolvimento Agropecuário da Região Norte (Valter Campanato/Agência Brasil)
A ministra Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, apresenta o Plano de Desenvolvimento Agropecuário da Região Norte (Valter Campanato/Agência Brasil)

A senadora Kátia Abreu (PP-TO), integrante da equipe de transição, afirmou nesta quinta-feira que o grupo técnico de agricultura do governo eleito tem uma dúvida jurídica sobre a aplicação da chamada “lei da bengala” na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A regra prevê a demissão compulsória de funcionários a partir dos 75 anos de idade.

Segundo a senadora, o entendimento do Ministério da Agricultura e da atual diretoria da estatal é que os pesquisadores com essa idade devem ser sumariamente demitidos. Ontem, a Justiça do Trabalho atendeu a um recurso do sindicato dos funcionários da Embrapa e mandou suspender as demissões que seriam feitas a partir da próxima semana até que seja tomada uma decisão definitiva sobre o tema.

Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf), seriam demitidos 59 servidores nessa primeira leva, 55 de forma imediata e quatro que estão aposentados. No ano que vem, outros 300 empregados, entre pesquisadores e outras funções, seriam desligados. “

A Embrapa é uma estatal, não sabemos se ela se enquadra verdadeiramente nisso e qual caminho encontrar. Na pesquisa, na ciência quanto mais velho, mais experiente e mais banco de dados e informações nós temos. A Embrapa não é um lugar comum e nós precisamos reverter esta situação o mais rápido possível”, disse a senadora Kátia Abreu em conversa com jornalistas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o escritório do governo de transição.

Nesta semana, a diretoria-executiva da Embrapa enviou uma carta de despedida aos funcionários que seriam demitidos. No texto, a estatal diz que teria que cumprir uma “difícil decisão” para atender determinações constitucionais e da justiça e que perderia, assim, parte de seu maior ativo. “Este é, sem dúvida, o mais difícil ato administrativo que esta diretoria já tomou e que talvez venha a tomar em seu mandato. Esses 55 colegas representam talentos, muitos atuando em plena excelência profissional, responsáveis por projetos estratégicos da nossa programação de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação”, diz a carta. A Embrapa diz que a falta dos funcionários será agravada pelo impedimento de realizar novos concursos públicos.

A decisão da Embrapa foi baseada em uma orientação do Conselho de Administração (Consad) da estatal sobre o comando constitucional e decisão judicial vigente até então que estabelecem o prazo de 29 de novembro de 2022 como limite para a formalização da extinção do vinculo pela área de gestão de pessoas da Embrapa.

“Não há qualquer motivação política neste ato, ele é essencialmente técnico, com finalidade de cumprimento judicial e passará agora a ser regra para quem completar 75 anos”, completa a carta. “Não há carta rebuscada que vá retirar o sentimento da categoria de que essa gestão e todo o escopo político e ideológico na qual está amparada não têm respeito pela história e doação física, intelectual e emocional dos trabalhadores acima de 75 anos para a Embrapa”, disse o Sinpaf.