Com foco na Ásia e novos produtos, meta é expandir acordos comerciais e impulsionar exportação de carnes, frutas e grãos, com 300 mercados abertos até o final do mandato de Lula
O Governo Federal pretende dobrar o número de mercados agrícolas abertos até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Somente em 2024, cerca de 222 acordos foram firmados com outros países.
Para 2025, a meta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é ampliar a presença no mercado asiático, com destaque para produtos como carne, frutas e grãos, alcançando pelo menos 300 novos mercados até 2026.
“O presidente Lula nos pediu para fechar o mandato com 200 mercados abertos, na metade do mandato, já tivemos quase 300 mercados abertos em um ano. Agora, a gente vai buscar novos mercados o máximo que der. São mais de mil negociações em curso e dessas mil, se a gente conseguir mais 200, 300, é um número bastante razoável e completamente possível”, afirmou Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura.
Rua mencionou que, até o final de fevereiro, estão programadas sete viagens internacionais, com o ministro Fávaro acompanhando algumas delas. Os destinos incluem Nigéria, Gana, Vietnã, Japão e Emirados Árabes.
Ele destacou que as aberturas de mercado não são o único objetivo, mas também a ampliação de acordos já existentes. O secretário enfatizou que, em 2025, as negociações devem avançar em países que já possuem acordos com o Brasil e incluir a expansão de produtos como carnes e vegetais. Além disso, será adotada uma abordagem mais regional para fortalecer as cadeias produtivas.
Rua lembrou que, no ano passado, outros produtos brasileiros começaram a ganhar espaço no mercado global e citou, como exemplo, o sorgo, um mercado que o Brasil passou a acessar recentemente com a China, responsável por 83% das importações mundiais.
“Estamos no caminho certo, especialmente com produtos como o sorgo, onde o Brasil entrou em um mercado relevante que estava fora até pouco tempo atrás”, disse.
Além dos tradicionais produtos como soja e milho, que continuam a ser expandidos, o governo abriu também 11 mercados para novos produtos como o DDG (subproduto do milho usado especialmente como ração animal).
Rua ainda ressaltou a importância de buscar novas oportunidades, especialmente na Ásia, devido ao crescimento populacional e da renda nesses países.
“Vamos continuar expandindo por lá, porque sabemos do crescimento populacional e da renda. A Ásia é um mercado estratégico para o futuro do nosso setor agrícola”, afirmou.
De acordo com ele, parte do foco no começo do ano está na ampliação do mercado para carne bovina, especialmente Vietnã, Turquia e Japão.
Neste último, a expectativa é ter também uma maior presença de carne suína, com habilitação de plantas no Rio Grande do Sul, Paraná e Acre. Há ainda a expectativa de negociar a abertura para frutas, como o melão.
O secretário pontua que as viagens internacionais previstas para o início de 2025 são fundamentais para destravar processos e facilitar a concretização de acordos. “O fato de irmos a esses países até fevereiro ajuda a destravar ainda mais essas etapas.”
Rua se mantém otimista para 2025 e ressalta que, desde sua chegada ao ministério, já foram realizadas 60 aberturas de mercado e, se esse ritmo for mantido, o governo terá muito sucesso. “Enquanto eu estiver à frente desta pasta, vamos buscar todas as oportunidades possíveis.”
Ações e promoções comerciais
Outra prioridade para 2025 será aumentar as ações de promoção comercial no mundo.
Segundo o secretário, o Mapa já participou de 74 missões internacionais em 2024 e continuará trabalhando com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e o Ministério das Relações Exteriores para apoiar exportadores brasileiros em feiras, eventos e missões comerciais em outros países.
“Vamos aumentar muito as ações de promoção comercial, criando mais oportunidades para que os exportadores possam ir para o exterior e realizar ações promocionais”, afirmou.
Além disso, o Mapa, em parceria com outros órgãos estratégicos do governo, está desenvolvendo projetos para inserir e expandir a visibilidade de pequenos produtores nas oportunidades de comércio exterior.
Ele explicou que serão lançadas onze novas medidas de promoção comercial para o próximo ano, incluindo o projeto “Primeiros Passos”, em parceria com a Apex, que tem como objetivo garantir a participação dos pequenos produtores.
Outra medida é o “Passaporte Agro”, que vai expandir a comunicação sobre a abertura de mercados e orientações específicas para cada produto e importador, mas também vai fornecer informações detalhadas, como métodos de habilitação de estabelecimentos e importadores interessados.
Há também o “Agro Insights”, que são relatórios detalhados feitos por adidos agrícolas, com mais de mil informações ao longo do ano, que vão orientar as negociações.
Além disso, há o foco na promoção de produtos não tradicionais, com o objetivo de ampliar a presença de itens menos convencionais, que têm espaço limitado na balança comercial, como castanhas e açaí, que estão começando a chegar à mesa do consumidor.
Isso ocorre junto aos produtos que já figuram entre os “top 10” das exportações brasileiras, como soja, milho e carne, mas que vão continuar a ser ampliados no mercado internacional.
Rua enfatizou que, com essas ações, além de abrir mercados, o governo quer garantir que se transformem em acordos concretos e negócios reais.
“A gente quer que cada abertura se reverta em negócios para o país. Não vamos negociar preço, mas o que depender de nós, dos adidos, se precisa de despachante, de informações de como é a forma de quem compra o produto, a gente vai fazer”, pontuou.