Um aumento nas infecções por peste suína africana na China deve reduzir a produção de suínos ainda este ano, disseram gerentes e analistas do setor nesta semana, pressionando os preços no maior consumidor mundial da carne à medida que a demanda se recupera.
A doença atormenta a China há anos, com uma onda inicial em 2018 e 2019 matando milhões de suínos e levando a um declínio dramático na produção de carne que agitou os mercados globais.
As granjas chinesas melhoraram significativamente as práticas sanitárias desde então para reduzir o impacto do vírus, mas ele ainda circula constantemente, geralmente aumentando no inverno.
As infecções neste ano começaram a aumentar relativamente no final da temporada, por volta do feriado do Ano Novo Lunar em janeiro, quando milhões de pessoas viajaram depois que a China relaxou suas restrições contra Covid-19, disseram três gerentes de empresas de criação de suínos e analistas.
“Dados de empresas de teste de vírus da peste suína mostram que o número de detecções positivas explodiu após o feriado de ano novo. A ordem de grandeza em um único mês atingiu o nível de todo o ano de 2022”, disseram analistas da Huachuang Securities em um relatório.
“Achamos que a atual área de infecção por peste suína nas áreas de produção do norte pode estar chegando a 50%”, acrescentou.
As províncias do norte, como Shandong e Hebei, estão entre os principais produtores de suínos. Um gerente sênior de um dos maiores produtores de suínos do país concordou com a estimativa.
“Vemos muitas novas infecções em março. Sentimos que ainda não acabou, esse é o problema”, disse ele, recusando-se a ser identificado devido à sensibilidade dos surtos de doenças na China.
Difícil de Avaliar
As granjas chinesas normalmente não relatam surtos de doenças ao governo, tornando difícil obter uma imagem precisa da extensão das infecções. O Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O impacto dos surtos depende de quão cedo eles são detectados e como são gerenciados, disse o gerente da empresa de suínos.
Uma forma mais branda do vírus que apresenta poucos sintomas clínicos é comum, dificultando a detecção, acrescentou.
Os preços do suíno chinês giraram em torno de 15 iuanes (2,18 dólares) por quilo desde o final do ano passado, pressionados pela demanda fraca e excesso de oferta.
Grandes perdas no ano passado encorajaram muitos produtores a reduzir o tamanho dos rebanhos no inverno, o que aumentou os volumes de abate.
Porcos infectados enviados para abate também podem estar pesando no preço, disse Jim Long, executivo-chefe da empresa canadense de genética Genesus, que vende suínos reprodutores na China.
“Continuamos acreditando que o baixo preço do suíno na China se deve ao fato de muitos porcos irem para o abate de qualquer peso devido à PSA”, escreveu ele em um relatório esta semana.
Os surtos de doenças, bem como as reduções anteriores do plantel, levarão menos suínos a chegar ao mercado quando a demanda melhorar no segundo semestre do ano, disse o relatório de Huachuang.
Embora não seja tão grave quanto em 2019, a doença pode reduzir a produção em mais de 10%, disse Xiao Lin, analista da Huachuang, à Reuters.
“É grave em algumas províncias, mas não em todo o país”, disse Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank, que estimou que “cerca de 10%” da produção pode ser afetada.
A edição 310 da revista Suinocultura Industrial traz um panorama sobre o vírus da PSA. Confira.