A paralisação dos caminhoneiros atingiu em cheio a indústria de proteína animal, ampliando a crise vivida pelo setor, escreveu a colunista de agronegócio do Zero Hora, Gisele Loeblein. Diferentemente das manifestações anteriores, cargas perecíveis não ganharam passagem, trazendo prejuízos para o país. Nesta quarta-feira (23), apenas Acre, Amapá, Rio Grande do Norte e Roraima não registram paralisações, de acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo ela, a paralisação afeta o setor, sobretudo, porque já haviam vários outros problemas, como o embargo da União Europeia a 20 frigoríficos de aves brasileiros e da Rússia à carne suína produzida no país.
Informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) dão conta de que, na terça-feira (22), oito unidades haviam parado sua produção. Gisele Lobrein aponta que, nesta quarta, esse número deve subir para 40. No Rio Grande do Sul, duas unidades de suínos da Alibem também param.
“Você pega um setor que vem enfraquecido, com Operação Carne Fraca, Operação Trapaça, embargo russo. Há todo esse contexto, que faz com que as empresas já estivessem com suas capacidades cheias. Veio tudo no mesmo momento”, diz Ricardo Santin, vice-presidente de mercado da ABPA.
Conforme a colunista, somente BRF e Aurora estavam com 6 mil funcionários em férias coletivas, medida adotada para adequar a produção após a suspensão da UE. “A greve acrescenta incerteza a esse já tumultuado cenário.”
Diante deste cenário, não está descartado o risco de desabastecimento de produtos ao consumidor. Isso porque a indústria de proteína animal, na forma como se organizou, atua em uma integração indústria-produtor que exige sincronia de ações.