Redação AI (08/03/06)- A menina, a décima vítima fatal da doença na China, morreu na segunda-feira à noite na província de Zhejiang (leste), disse a agência de notícias Xinhua.
A notícia surgiu dias depois de o governo ter confirmado que um homem de 32 anos também tinha morrido por causa do H5N1, na província de Guangdong (sul), perto de Hong Kong, provocando nervosismo na região.
“A situação epidêmica é muito grave. Neste momento, estamos na primavera, período em que há grandes riscos de surtos da gripe aviária devido à movimentação de aves migratórias. Essa epidemia ainda não foi controlada efetivamente em termos mundiais”, disse o vice-ministro chinês da Agricultura, Yin Chengjie.
O vírus disseminou-se rapidamente desde o começo de fevereiro, matando aves em ao menos outros 15 países e avançando na Europa e na África.
A Albânia é o mais novo país a declarar o primeiro caso de gripe aviária em seu território, em uma galinha na região costeira de Sarande, ao sul, perto da fronteira com a Grécia, nesta quarta-feira.
A Nigéria disse que o H5N1 havia sido encontrado em outros três de seus Estados, entre os quais em uma região do extremo sul, indicando que o vírus havia se espalhado por todo o país mais populoso da África apesar das medidas adotadas para contê-lo.
Incluindo o caso da menina chinesa, a gripe aviária contaminou 176 pessoas desde 2003, matando 96 delas. E os cientistas temem ser uma questão de tempo até que o vírus adquira, por meio de mutações, a capacidade de passar de uma pessoa para outra facilmente, provocando uma pandemia mundial.
Nesse caso, a doença poderia matar milhões de pessoas e provocar uma grave crise econômica.
Tentando combater a crescente ameaça, a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), ligada à ONU, deve desempenhar um papel maior na luta contra a gripe aviária, transformando-se na “agência central global” para as operações de contenção do vírus, disse a própria FAO na terça-feira.
Os EUA e a União Européia (UE) aprovaram a formação do que uma autoridade norte-americana chamou de um “centro de operações de emergência” no quartel-general da FAO, em Roma.
O dinheiro para o centro virá de um fundo de quase 2 bilhões de dólares a ser formado por países ricos, segundo uma promessa feita em janeiro, em Pequim. Os EUA enviariam especialistas para ajudar a administrar o centro e esperam que outros países façam o mesmo.
MORTES NA CHINA
Na China, as mortes mais recentes entre os seres humanos contaminados pelo H5N1 levantaram perguntas sobre como o vírus está se espalhando.
O homem de 32 anos é o primeiro caso de gripe aviária em um centro urbano da China, em uma área onde não houve relatos sobre a presença de aves doentes. O homem teria contraído o vírus em um mercado de aves.
A garota morta, do condado de Anji, visitou parentes que criavam aves, e algumas das galinhas presentes ali morreram em ao menos uma de suas visitas, disse a Xinhua.
“Os casos recentes foram registrados em áreas onde não há informações sobre o surto da doença entre aves. Mas isso não significa que essas pessoas deixaram de entrar em contato com aves contaminadas”, afirmou Aphaluck Bhatiasevi, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Pequim.
Zhong Nanshan, diretor do Instituto Ghangzhou de Doenças Respiratórias, disse que as duas vítimas haviam sido contaminadas por aves que carregavam o vírus sem, no entanto, apresentar os sintomas da doença.
“Há uma possibilidade de haver casos de seres humanos contaminados pelo H5N1 em lugares onde não foram registrados surtos da doença em aves. Ou seja, pode haver aves carregando o vírus sem ficar doentes e com a capacidade de infectar as pessoas”, disse Zhong em Pequim.
Com o avanço da gripe aviária, o consumo de aves despencou em regiões da Europa, da África e da Ásia, e isso apesar de autoridades terem feito questão de aparecer comendo aves e de a OMS ter lembrado as pessoas de que a carne e ovos bem cozidos não ofereciam perigo.
Nos EUA, empresas de alimentos dizem estar prontas para o caso de a gripe aviária atingir o país.
Elas pretendem oferecer mais produtos que não tenham relação com aves, reforçar os mecanismos de controle para garantir que as aves não fiquem doentes e aconselhar os consumidores sobre a segurança da ingestão de aves bem cozidas.