A matriz energética brasileira vem ganhando rapidamente um novo protagonista: a energia solar. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que em 2019 a geração solar já supera a nuclear, com 2,1 gigawatts de potência instalada. O crescimento está apoiado nos inúmeros benefícios que esse tipo de energia traz, como a redução dos impactos ao meio ambiente e a diminuição dos gastos nas contas com energia elétrica. A previsão, segundo a Aneel, é de que até 2021 os investimentos no setor cheguem a R$ 8 bilhões.
O Brasil, particularmente, se vale de sua condição geográfica favorável à essa expansão. Grande parte do território fica na chamada zona térmica tropical, o que contribui para a presença do sol durante quase todo o ano. A irradiação é determinante para o sucesso da captação solar através das placas fotovoltaicas. E é no Nordeste onde ocorre a maior média de incidência diária. Não à toa, a região é uma das que mais investem nessa forma de geração de energia.
O Grupo Telles é um exemplo dessa tendência. A empresa dará início nos próximos meses à sua segunda usina, que vai abastecer o seu negócio de envase de água mineral natural, a Naturágua, na cidade de Horizonte (CE). O valor do investimento é de R$ 20 milhões. “No momento em que a economia brasileira ainda ensaia uma recuperação, o setor de energia solar é extremamente importante e estratégico para o desenvolvimento do país”, afirma Everardo Ferreira Telles, presidente do Conselho do Grupo Telles.
A expansão vem dois anos após o êxito alcançado na primeira usina do Grupo, em Aquiraz (CE). Considerada uma das maiores usinas solares privadas do Brasil, a planta é responsável por fornecer integralmente a energia utilizada pela Santelisa, fábrica de embalagens de papel e papelão reciclado. Com 9.223 painéis fotovoltaicos de 1 metro por 1,80 metro cada, a usina ocupa uma área de 50 mil metros quadrados e tem capacidade para gerar 5 megawatts.
“O Nordeste, como sabemos, enfrenta longos períodos de estiagem. Precisávamos encontrar uma solução economicamente viável para suprir nossa demanda produtiva”, explica Everardo Ferreira Telles. “Além disso, os aumentos na tarifa de energia aumentam muito as despesas. A energia solar, então, se mostra mais atrativa por exigir um investimento mais baixo”. Com a inauguração da usina solar, em 2017, a economia na conta de energia da Santelisa chegou a 80% do consumo total.
Os investimentos em energia renovável são exponenciais em todo o mundo. Países como Estados Unidos, Japão e Alemanha vêm trabalhando gradativamente para substituir a matriz energética por fontes renováveis. Por serem limpas, essas fontes inesgotáveis, como a solar, ressaltam uma maior preocupação das empresas com a preservação do meio ambiente.