Com o início oficial do inverno nesta quarta-feira (21) às 11h58, as atenções se voltam para os desafios que essa estação traz para a avicultura. A redução das chuvas em regiões como Sudeste, Centro-Oeste e partes do Norte e Nordeste do Brasil, juntamente com a chegada de massas de ar frio, demandam cuidados especiais para garantir a saúde e o bem-estar das aves.
A médica veterinária Eva Hunka, especialista em avicultura, ressalta a importância de compreender e gerenciar adequadamente os efeitos do estresse térmico em aves durante o inverno. Segundo ela, “as aves não possuem diafragma, e isso faz com que problemas primários se tornem mais suscetíveis a contaminações bacterianas secundárias, especialmente no sistema respiratório”.
Estudos revelam que aves submetidas ao estresse térmico apresentam uma redução de mais de 30% na conversão alimentar e na produção de ovos, além de uma diminuição superior a 3% no peso dos ovos. Concomitantemente às perdas zootécnicas, esse fator pode comprometer a imunidade das aves, favorecendo o surgimento de sinais clínicos, principalmente problemas respiratórios, e alterando a interação entre patógenos e hospedeiros.
As aves usam o sistema respiratório como um regulador térmico e, durante os meses de inverno, as falhas no manejo dos galpões ocorrem com maior frequência. Essas variações no ritmo respiratório sobrecarregam o sistema respiratório, tornando-o mais suscetível a agentes causadores de doenças respiratórias, sejam eles de origem infecciosa ou não.
Eva Hunka destaca ainda que “as aves possuem sacos aéreos que são estruturas importantes no sistema respiratório e, se contaminadas, podem facilmente se transformar em quadros de septicemia, com potencial disseminação para outros órgãos”. Por isso, é essencial adotar medidas de manejo adequadas para evitar desvios de temperatura e consequentes problemas respiratórios.
Além dos cuidados com o manejo, a biossegurança e a sanidade da granja desempenham um papel crucial na prevenção de doenças intercorrentes e infecções oportunistas. Estudos mostram que a redução na carga de patógenos dentro da granja colabora para evitar o aparecimento de doenças respiratórias. A vacinação também pode ser uma estratégia eficaz. Em um estudo realizado no México, poedeiras vacinadas contra E. coli apresentaram uma menor taxa de mortalidade em condições de estresse térmico.
Durante o inverno, é fundamental manter a vigilância e estar atento a desvios e não conformidades nas rotinas de monitoramento. Detectar problemas de forma precoce, por meio de sorologias e achados de necropsia, pode auxiliar na tomada de decisões para evitar que os problemas se agravem nos lotes subsequentes.
Com a devida atenção ao manejo, biossegurança e sanidade das aves, é possível mitigar os efeitos do estresse térmico durante o inverno. Eva Hunka enfatiza que “não podemos baixar a guarda nesta época do ano” e destaca a importância de buscar ajuda de profissionais especializados para obter soluções efetivas.e