Em agosto de 2022, os preços da indústria caíram 3,11% frente a julho. Foi a maior queda do Índice de Preços ao Produtor (IPP) na série histórica. O acumulado no ano chegou a 7,91% e o acumulado em 12 meses foi 12,16%. Em agosto, oito das 24 atividades investigadas tiveram variações positivas de preço ante o mês anterior.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas: bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis, semiduráveis e não duráveis).
Em agosto de 2022, os preços da indústria caíram 3,11% frente a julho. As quatro maiores variações foram em: indústrias extrativas (-14,18%); refino de petróleo e biocombustíveis (-6,99%); metalurgia (-3,91%); e alimentos (-3,74%). A maior influência foi em Refino de petróleo e biocombustíveis, responsável por -0,95 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -3,11% da indústria geral. Outras atividades em destaque foram alimentos, com -0,88 p.p. de influência, indústrias extrativas (-0,79 p.p.) e metalurgia (-0,25 p.p.).
O acumulado no ano atingiu 7,91% ante 11,37% de julho/2022. As maiores variações foram em: refino de petróleo e biocombustíveis (26,49%), papel e celulose (14,45%), minerais não-metálicos (13,21%) e bebidas (13,02%). As principais influências foram registradas em refino de petróleo e biocombustíveis: 2,95 p.p., alimentos: 1,60 p.p., outros produtos químicos: 0,53 p.p. e veículos automotores: 0,52 p.p..
O acumulado em 12 meses foi de 12,16%, ante 17,94% de julho. As quatro maiores variações foram: refino de petróleo e biocombustíveis (45,98%); indústrias extrativas (-26,60%); outros produtos químicos (25,71%); e fabricação de máquinas e equipamentos (18,78%). Já os setores de maior influência foram: refino de petróleo e biocombustíveis (4,61 p.p.); alimentos (2,91 p.p.); outros produtos químicos (2,29 p.p.); e indústrias extrativas (-1,99 p.p.).
A variação de preços de -3,11% em relação a julho repercutiu da seguinte maneira entre as grandes categorias econômicas: -0,39% de variação em bens de capital (BK); -3,60% em bens intermediários (BI); e -2,79% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 1,13%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de -3,50%.
A principal influência dentre as Grandes Categorias Econômicas foi exercida por bens intermediários, cujo peso na composição do índice geral foi de 58,79% e respondeu por -2,13 p.p. da variação de -3,11% nas indústrias extrativas e de transformação.
Completam a lista, bens de consumo, com influência de -0,95 p.p. e bens de capital com -0,03 p.p.. No caso de bens de consumo, a influência observada em agosto se divide em 0,06 p.p., que se deveu à variação nos preços de bens de consumo duráveis, e -1,01 p.p. associado à variação de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
No acumulado no ano a variação foi de 8,87%, para bens de capital; 8,16% em bens intermediários; e 7,29% em bens de consumo – sendo que bens de consumo duráveis acumulou variação de 6,10%, enquanto que bens de consumo semiduráveis e não duráveis, 7,52%.
Bens de capital foi responsável por 0,61 p.p. dos 7,91% verificados na indústria geral até agosto deste ano. Bens intermediários, por seu turno, respondeu por 4,79 p.p., enquanto que bens de consumo exerceu influência de 2,51 p.p. no resultado agregado da indústria, influência que se divide em 0,34 p.p. devidos às variações nos preços de bens de consumo duráveis e 2,17 p.p. causados pelas variações de bens de consumo semiduráveis e não duráveis.
O acumulado em 12 meses foi 12,16% em agosto/2022. A variação observada no preço dos bens de capital foi de 15,62%. Os preços dos bens intermediários, por sua vez, variaram 12,17% neste intervalo de um ano e a variação em bens de consumo foi de 11,47%, sendo que bens de consumo duráveis apresentou variação de preços de 9,68% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de 11,81%.
Bens intermediários foi responsável por 7,16 p.p. dos 12,16% de variação acumulada em 12 meses na indústria, neste mês de referência. No resultado de agosto de 2022, houve, ainda, influência de 3,96 p.p. de bens de consumo e de 1,05 p.p. de bens de capital. O resultado de bens de consumo, em particular, foi influenciado em 0,54 p.p. por bens de consumo duráveis e em 3,41 p.p. por bens de consumo semiduráveis e não duráveis, este último com peso de 84,01% no cômputo do índice daquela grande categoria.
Indústrias extrativas – pelo terceiro mês consecutivo, a taxa foi negativa (-14,18%) e a menor desde setembro de 2021 (-16,48%). O acumulado no ano passou de 26,61% em julho, para 8,65% em agosto. Também pelo terceiro mês consecutivo, o acumulado em 12 meses apresenta uma taxa negativa, -26,60%.
O destaque dado ao setor se deve a ter sido, em termos de variação, a mais intensa na passagem de julho para agosto (todas negativas) e a segunda no acumulado em 12 meses, sendo que, neste caso, entre as quatro destacadas (“refino de petróleo e biocombustíveis”, “outros produtos químicos” e “fabricação de máquinas e equipamentos”), ela foi a única variação negativa. Em termos de influência, foi a terceira no indicador mensal (-0,79 p.p., em -3,11%) e a quarta no acumulado em 12 meses (-1,99 p.p., em 12,16%).
Alimentos – na comparação com os preços de julho, os de agosto estiveram, em média, 3,74% menores. É a segunda vez no ano que a variação é negativa (em janeiro, -0,19%). Com isso, o acumulado no ano recuou de 10,88%, em julho, para 6,73%, em agosto, resultado que é 5,90 p.p. menor que o acumulado até agosto de 2021. Por fim, na comparação com o mesmo mês de 2021, o agosto atual teve em média preços 12,44% maiores. Nesta comparação, vale dizer, é o menor resultado desde fevereiro de 2020 (11,94%).
O setor é destaque por ter tido a quarta maior variação (todas negativas). Foi ainda a segunda influência nos três indicadores calculados (-0,88 p.p., em -3,11%, no indicador mensal; 1,60 p.p., em 7,91%, no acumulado no ano; e 2,91 p.p., em 12,16%, no acumulado em 12 meses.
Na perspectiva da comparação mês atual contra mês anterior, assim como em julho, as principais variações ocorreram em produtos derivados do leite, só que, em agosto, com viés negativo. Já na influência, quatro produtos são destacados, todos com variações negativas (respondem por -2,46 p.p., em -3,74%), encabeçados por “leite esterilizado / UHT / Longa Vida” (cujos preços foram pressionados por uma menor demanda) e seguidos por “açúcar VHP (very high polarization)”, “carnes e miudezas de aves congeladas” e “óleo de soja em bruto, mesmo degomado”. No caso dos três últimos produtos, a apreciação do real frente ao dólar (4,2% na passagem de julho para agosto; 9,0% no acumulado no ano; e 2,1% em 12 meses) é um fator que pressiona os preços para baixo, mas fatores de mercado (como a maior oferta de frango ou a menor demanda por soja) também fortaleceram o movimento.
Refino de petróleo – Primeira variação negativa no ano (-6,99%) e a menor desde abril de 2020 (-20,61%). O acumulado no ano recuou de 36,00%, em julho, para 26,49%. O acumulado em 12 meses foi de 45,98%, 13,97 p.p. menor que a de julho.
O destaque decorre de ser a segunda variação mais intensa no indicador mensal, e a primeira (positivo) tanto no acumulado no ano quanto no acumulado em 12 meses. O setor teve ainda a principal influência nos três indicadores calculados: mensal (-0,95 p.p., em -3,11%), acumulado no ano (2,95 p.p., em 7,91%) e acumulado em 12 meses (4,61 p.p., em 12,16%).
Os dois produtos de maior peso no cálculo do setor (“óleo diesel” e “gasolina, exceto para aviação”) impactaram negativamente o resultado de agosto contra julho, mas, nos outros indicadores, o impacto ainda é positivo. Vale dizer que, no caso do “álcool etílico (anidro ou hidratado)”, sua influência é negativa nos três indicadores.
Outros químicos – A indústria química teve a quarta variação negativa no ano, de -1,82%, Uma análise por grupo econômico mostra que o resultado do mês ficou distribuído de forma diversa entre eles, com “fabricação de produtos químicos inorgânicos” apresentando uma variação média de -2,70% no mês, “fabricação de resinas e elastômeros”, -6,85%, e “fabricação de defensivos agrícolas e desinfestantes domissanitários”, -0,25%.
O acumulado no ano alcançou 5,22%, sendo que os grupos “fabricação de produtos químicos inorgânicos” e “fabricação de defensivos agrícolas e desinfestantes domissanitários” alcançaram respectivamente 4,82% e 34,56%. Em sentido inverso, “fabricação de resinas e elastômeros” apresentou uma variação de -15,88% no mesmo indicador.
Já em relação ao resultado dos últimos 12 meses, o destaque ficou por conta do grupo de químicos inorgânicos, influenciado especificamente pelo aumento de preços acumulado de adubos/fertilizantes. A variação de preços, neste grupo, foi de 41,68%, enquanto “fabricação de defensivos agrícolas e desinfestantes domissanitários” ficou com 44,64%. Já “fabricação de resinas e elastômeros” apresentou uma variação de -8,35% em 12 meses.
O setor se destacou, na comparação com as 24 atividades da pesquisa, por ter a terceira maior variação de preços no acumulado em 12 meses, além de apresentar a terceira maior influência no acumulado no ano e no acumulado em 12 meses.
Metalurgia – a variação de preços da atividade foi de -3,91%, quinta negativa no ano. O setor acumulou -5,20% no ano e -4,29% em 12 meses. O grupo siderúrgico apresentou, pela sexta vez no ano e a nona nos últimos 12 meses, uma variação negativa, chegando a -4,98%. Com isso, em agosto, o acumulado chegou a -2,68% no ano e a -8,73%, nos últimos 12 meses.
O setor metalúrgico se destacou, na comparação com as 24 atividades da pesquisa, por ter tanto a terceira maior variação de preços, em módulo, no mês, quanto a quarta maior influência nos preços de agosto.
Veículos – Com variação de 0,64% em agosto, o setor teve o 26º resultado positivo consecutivo, acumulando, nesse período, um aumento de 31,87%. Vale lembrar que, durante esse intervalo, o setor tem sido impactado por aumentos nos insumos eletrônicos, por conta da crise de semicondutores. Nos primeiros oito meses de 2022, o setor acumula uma variação de 7,71%. E a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 11,88%, menor resultado neste indicador desde janeiro de 2021 (11,65%). A atividade de veículos automotores teve a quarta maior influência no acumulado no ano (0,52 p.p. em 7,91%), além de ser o quarto maior peso atual no cálculo do indicador geral, com uma contribuição de 6,72%.
O grupo econômico analisado da atividade, “fabricação de automóveis, camionetas e utilitários”, apresentou, em agosto, variação de 1,20% na comparação com julho. Assim como ocorre no setor, esse é o 26º resultado positivo consecutivo nesse indicador, tendo acumulado um aumento de 26,99% nesse período. Além disso, o grupo acumula, nesses oito primeiros meses de 2022, uma variação de 6,58%, ao passo que, nos últimos 12 meses, apresenta um resultado de 10,73%.