O Brasil e a Índia devem investir aproximadamente US$ 200 milhões na troca de tecnologias entre os países. Os empresários brasileiros, que estiveram na Índia na última semana serão responsáveis por investir US$ 100 milhões na instalação de uma indústria de refinamento de óleo de soja naquele país, que por sua vez, trará ao Brasil empresas interessadas em atuar em diversos segmentos, não necessariamente ligados ao agronegócio. As informações foram dadas pelo presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, que assinou na Índia, na última quinta-feira um Protocolo de Intenção de cooperação para intensificar as relações comercial e tecnológica entre os dois estados.
Após uma comitiva de empresários mato-grossenses visitarem na semana passada a Índia, onde participam de um encontro internacional em Gujarat e também visitarem empresas públicas e privadas daquele estado, foi definida uma missão indiana ao Brasil após o carnaval. “Nós estivemos com vários empresários de lá debatendo sobre as possibilidades dessa negociação. Não assinamos nenhum acordo ainda. Essa foi apenas uma primeira visita. Agora eles virão para cá depois do carnaval, para conhecer a nossa estrutura, e quem sabe já firmam acordo”.
O acordo entre os países faria com que os empresários brasileiros investissem US$ 100 milhões na instalação de uma fábrica para o refino de óleo na Índia, e os indianos aportariam a mesma quantia em alguma fábrica no País. “Eles estão mais interessados em trazer tecnologias, não necessariamente voltada ao agronegócio, pode ser em informática ou em tratores isso ainda dependerá da visita que eles farão aqui. O importante é a troca por aquilo que nenhum dos países possui”, garantiu Silveira.
O presidente da Aprosoja disse que ao sondar a possibilidade do Brasil exportar milho e soja para a Índia, os empresários foram enfáticos ao negar qualquer viabilidade disso acontecer, alegando que o país consome muito menos do que produz.
“Eles têm uma restrição à compra de soja e milho entre outros grãos. Mesmo porque o consumo do país é muito pequeno. E como também não consomem muita carne, nem para ração os grãos seriam usados”, afirmou ele. Entretanto Glauber Silveira frisou que, caso a parceria seja firmada, e a fábrica instalada, as chances do Brasil enviar a soja para a Índia podem aumentar. “A industria que o Brasil instalaria lá é para o fornecimento de óleo, mas dependendo do acordo não descarto a possibilidade da Índia importar soja do Brasil. Porém ainda é muito cedo para pensar nisso”.
A missão, organizada pela Aprosoja, em conjunto com o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, e pela Câmara de Comércio Brasil – Índia, durou aproximadamente uma semana e mostrou como os indianos são práticos em seus negócios. “As empresas indianas atuam em diversas áreas diferentes ao mesmo tempo. O empresário possui um posto de gasolina um porto, um hotel, e por ai vai, elas não são segmentadas. Em momentos de crise isso pode ser uma vantagem”, disse, ao mencionar a agilidade nas negociações. “Os indianos são bastante agressivos, eles negociam muito rápido, e são bem práticos, diferente do Brasil”, comentou.
Por fim o presidente se mostrou bastante otimista em relação às negociações. “Queremos progredir com essa cooperação porque essa relação é importante para todos. Não tenho dúvidas de que essa troca será de ‘ganha-ganha’ para os indianos e para os mato-grossenses. E eles estão muito satisfeitos também”.
Produção de soja – Já em relação a safra de soja, que já começou a ser colhida, Glauber Silveira está bastante otimista com a produção. Segundo ele o clima tem ajudado bastante nesse começo de colheita. Entretanto, mesmo que o clima ajude a expectativa da entidade é que a produção fique igual a safra 2009/2010, quando foram colhidas 68 milhões de toneladas do grão. “O clima está ajudando bastante a soja, está chovendo bem por aqui. Se tivermos um volume igual ao ano anterior está bom.”
Mercado da soja – A demanda firme e os menores estoques têm sustentado os preços de soja nos mercados interno e externo, conforme pesquisas do Cepea. A procura por derivados da oleaginosa também continua firme, e há preocupações quanto à oferta da Argentina, devido ao atraso no plantio e ao baixo índice pluviométrico.