A JBS Foods retirou o pedido de registro de companhia aberta feito à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), informou ontem a autarquia. A empresa, subsidiária da JBS, apareceu ontem na lista de requerimentos indeferidos pelo regulador do mercado.
De olho numa oferta inicial de ações, o pedido da JBS Foods tramitava desde maio passado. Apesar de não haver impedimento para que o processo seja retomado, o movimento sinaliza que a empresa pode deixar para lançar ações no mercado apenas em 2015. O requerimento para a oferta ainda consta do site da autarquia.
De acordo com uma fonte a par do assunto, a empresa vai esperar para ter maior visibilidade sobre a situação do mercado antes de prosseguir com os planos de fazer a oferta inicial de ações. Os bancos que coordenam a operação vão aguardar pelo menos até a próxima semana para ter mais clareza sobre as condições para a oferta. Ou seja, se o cenário pós-eleições for favorável, a companhia deverá protocolar novamente seus pedidos de abertura de capital na CVM. Senão, vai conduzir os planos sem pressa.
Para levar adiante os planos de oferta, a companhia precisaria, de qualquer forma, atualizar o pedido protocolado na autarquia. O prospecto preliminar da operação inclui dados financeiros da empresa até o segundo trimestre deste ano. Se quisesse usar essa documentação, a JBS Foods teria de precificar as ações até o fim da semana que vem, e não resta tempo hábil – e nem disposição – para isso.
Para tentar ir a mercado ainda em 2014 ou no começo do ano que vem, a JBS Foods terá de reapresentar o documento com informações do terceiro trimestre, conforme as regras de listagem.
A JBS Foods foi criada pela JBS no fim do ano passado para reunir os negócios de carnes de aves, suína e alimentos industrializados à base desses produtos. A JBS fez várias aquisições nesse segmento, com destaque para a compra da Seara da Marfrig, em junho do ano passado. A unidade de negócios é uma concorrente direta no mercado brasileiro da BRF.
Até o começo de setembro, quando o pedido de registro de companhia aberta da JBS Foods ainda estava em análise pela CVM, a expectativa era que a empresa captasse R$ 2,5 bilhões com o IPO, mas a operação poderia alcançar R$ 3,5 bilhões. Isoladamente, o negócio Seara representou cerca de 76,5% da receita líquida da JBS Foods no primeiro semestre de 2014, conforme o prospecto da oferta da empresa.
A expectativa também era de que no processo de abertura de capital, a controladora JBS venderia uma parcela de ações e também haveria recursos para o caixa da empresa. Recursos para novas aquisições, infraestrutura e também para o pagamento de dívidas. A JBS Foods vinha sendo avaliada em cerca de R$ 20 bilhões, que engloba a dívida mais valor de mercado da empresa.
Na sexta-feira passada, a Ourofino, do segmento de saúde animal, fez a primeira oferta inicial do ano e conseguiu colocar seus papéis no teto do preço estimado no prospecto, a R$ 27, com demanda cinco vezes superior à oferta. A companhia chegou à bolsa avaliada em R$ 1,3 bilhão.