Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Bem-Estar Animal

Leia na AI: Suplementação de raios UVA e UVB e tecnologias de iluminação impactam no bem-estar

Suplementação de raios UVA e UVB e uso correto das tecnologias de iluminação impactam no bem-estar e na eficiência produtiva das aves 

Leia na AI: Suplementação de raios UVA e UVB e  tecnologias de iluminação impactam no bem-estar

Assim como os seres humanos, as aves possuem um relógio biológico conhecido como ritmo circadiano. Esse ciclo determina os horários de sono, fome e atividades específicas ao longo do dia. Para compreender melhor esse fenômeno, a glândula pineal, localizada no cérebro das aves, desempenha papel fundamental na regulação desse ritmo. A secreção hormonal dessa glândula é influenciada pelo fotoperíodo, ou seja, pela duração e intensidade da luz a que as aves são expostas.

Estudos científicos têm demonstrado que a suplementação de luz natural, principalmente raios UVA, em mais de 80% da área alojável das aves, pode estimular o comportamento natural das espécies. “Ao possibilitar a expressão de comportamentos inatos, como ciscar, tomar banho de poeira, se espreguiçar e se empoleirar, as aves se sentem mais confortáveis e satisfeitas em seus ambientes. Esse estímulo também pode resultar na diminuição de comportamentos agressivos entre as aves de corte, proporcionando um ambiente mais harmonioso e saudável”, informa o MSc. zootecnista Jhonatan Sperandio, extensionista de frango de corte na BRF.

Ele conta que outro aspecto relevante é a importância das ondas UVB na produção de vitamina D nas aves. “A vitamina D está diretamente relacionada à deposição de cálcio nos ossos, sendo essencial para o desenvolvimento e fortalecimento ósseo. Aviários com iluminação natural proporcionam maior exposição às ondas UVB, resultando em um adequado desenvolvimento esquelético e menor incidência de problemas locomotores nas aves”, diz Sperandio, que reforça que “a vitamina D também é responsável por regular o metabolismo do cálcio, favorecendo sua absorção no trato gastrointestinal e sua incorporação nos ossos”.

Para atender às demandas crescentes por bem-estar animal, diversas empresas têm adotado ajustes estruturais em seus aviários. A instalação de faixas de cortinas ou telhas transparentes possibilita a entrada uniforme de luz natural em todo o ambiente, garantindo um espaço mais acolhedor e saudável para as aves de corte. Além dos benefícios para o bem-estar, a suplementação de luz natural também contribui para o desempenho geral das aves, tornando-as mais saudáveis e produtivas.

Iluminação tecnológica para poedeiras

Caio César dos Ouros, zootecnista e doutor em Produção Animal,, cuja tese de doutorado foi focada em “Iluminação para poedeiras comerciais”, aponta que os recursos tecnológicos são cruciais na avicultura moderna.

Para ele, as tecnologias de iluminação desempenham papel fundamental no manejo eficiente das aves poedeiras. “Dentre os benefícios proporcionados por essas tecnologias está a eficiência produtiva e a redução de custos, uma vez que a adequação do uso de iluminação artificial, considerando o tempo e a intensidade da luz, permite atingir os melhores índices produtivos com menor custo de produção relacionado à eletricidade”;

Outro ponto importante proporcionado pelo gerenciamento da iluminação é o controle do estresse fisiológico. “Com a seleção genética ao longo dos anos, as aves desenvolveram maior sensibilidade à luz. O uso adequado das tecnologias de iluminação auxilia no controle do estresse fisiológico das poedeiras, proporcionando um ambiente mais confortável e eficiente para sua resposta aos estímulos luminosos”, explica Ouros.

Diferentes sistemas e critérios para escolha

Existem diversos sistemas de iluminação que podem ser utilizados na criação de aves poedeiras. A escolha desses sistemas depende de fatores como o tipo de lâmpada utilizada, o tempo de luz fornecido, a intensidade luminosa, o programa de luz (contínuo ou intermitente) e o comprimento de onda (cor) fornecido.

Essa seleção deve considerar a linhagem das aves, levando em conta as recomendações específicas do manual da genética utilizada. As recomendações do manual são uma margem segura para garantir uma resposta eficiente das aves, mas ajustes personalizados podem ser realizados de acordo com as condições de criação.

“A iluminação afeta diretamente o comportamento e o desempenho das aves poedeiras. O tempo de luz é crucial para estimular os fotorreceptores do hipotálamo, desencadeando uma resposta hormonal necessária para o processo de formação dos ovos. A intensidade luminosa também influencia na percepção da luz pelas aves”, afirma o zootecnista. “Além disso, o comprimento de onda (cor) da luz tem um papel importante na resposta comportamental das aves. Diferentes cores de iluminação podem provocar alterações no apetite, atividade e comportamento geral das poedeiras”.

De acordo com Ouros, as recomendações gerais de iluminação para garantir um ambiente adequado às aves poedeiras incluem períodos de luz de aproximadamente 16 horas (16 luz / 8 escuro), com intensidades variando entre 5 e 20 lux, dependendo da linhagem. Em geral, a utilização de luz branca (LED) é comum, podendo ser adicionada uma quantidade mínima de luz do espectro vermelho (700nm).

Para ele, é importante salientar que as recomendações podem variar de acordo com as condições de criação e o avanço das pesquisas na área. A seleção genética das aves também pode alterar sua sensibilidade à luz, exigindo constantes atualizações na literatura científica.

Desafios e tendências 

Um dos principais desafios na avicultura de postura é a implementação de criações livres de gaiolas e com acesso externo. Nesses casos, é fundamental compreender como a luz ultravioleta (UV) afeta o ciclo reprodutivo das poedeiras, considerando sua sensibilidade aos comprimentos de onda abaixo de 400nm.

As tendências incluem o avanço das pesquisas em cromoterapia para animais, como a utilização de diferentes cores de iluminação em momentos específicos do dia. Tecnologias, como fitas de LED, podem facilitar a aplicação de diferentes comprimentos de onda, beneficiando o desempenho e o bem-estar das aves, de acordo com o zootecnista.

Outro ponto destacado por Ouros sobre o uso correto das tecnologias de iluminação é a sustentabilidade. “A redução do tempo e intensidade de luz ao mínimo necessário resulta em menor consumo de energia elétrica, reduzindo custos operacionais. Além disso, o controle do estresse fisiológico das aves, com a utilização adequada da iluminação, prolonga o período produtivo de cada lote, aumentando a eficiência do sistema produtivo como um todo”, ressalta.

Com o contínuo avanço das tecnologias e pesquisas na área, espera-se que a utilização de diferentes cores de iluminação e o aprimoramento dos sistemas contribuam cada vez mais para a eficiência, bem-estar e sustentabilidade da avicultura industrial, impulsionando o setor a novos patamares de excelência.