O enfoque na realidade do campo continua sendo um tema recorrente nas escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. Agremiações como Vila Isabel, Mocidade, Unidos da Tijuca, Salgueiro, Império da Casa Verde e X-9 já exploraram o universo agropecuário em seus enredos, abordando temas como o papel do Brasil como celeiro do mundo, o açaí, a produção agrícola de Mato Grosso, etanol, café e guaraná.
Neste ano, essa tendência persiste, com pelo menos duas grandes escolas optando por contar histórias relacionadas ao campo em seus desfiles. A Mocidade Independente de Padre Miguel, no Rio de Janeiro, escolheu explorar a brasilidade do caju na Marquês de Sapucaí. Ao mesmo tempo, a Mancha Verde, em São Paulo, prestará uma homenagem à agricultura familiar no Sambódromo do Anhembi.
A bicampeã do carnaval paulistano, Mancha Verde, vai retratar a vida do pequeno agricultor em seu desfile, com o enredo “Do nosso solo para o mundo: o campo que preserva, o campo que produz, o campo que alimenta”. A narrativa inicia no passado, quando, diante da fome, Deus Olorum ordena à divindade Ocô a criação da agricultura. A escola destaca os ciclos de produção agrícola no Brasil, abrangendo borracha, cana-de-açúcar e café.
O enredo destaca a vida do pequeno agricultor, destacando sua simplicidade, seu amor pela terra e suas tradições, como a paixão pela viola caipira e pela sanfona. A ideia foi desenvolvida em parceria com uma família de produtores de Patos de Minas (MG), e os carnavalescos visitaram a fazenda que adota conceitos de sustentabilidade, agricultura regenerativa e economia circular.
A Mancha Verde também homenageará o agrônomo Alysson Paolinelli, figura importante na agropecuária brasileira, conhecido por seu trabalho na defesa da ciência e do desenvolvimento sustentável. Alysson Paolinelli foi ministro da Agricultura, contribuiu para a criação da Embrapa e foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.