Redação (13/04/06)-O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai lançar uma campanha nacional para incentivar o consumidor brasileiro a exigir produtos seguros e de qualidade. O projeto está sendo finalizado pelo ministro Roberto Rodrigues que vai encaminhá-lo nos próximos dias ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e de Cooperativismo do Mapa, Márcio Portocarrero revela que a idéia é de um projeto interministerial, com a participação dos Ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e da Saúde. Queremos um projeto que envolva outros Ministérios como forma de apontar para o consumidor brasileiro um tempo novo que lá fora já está sendo vivido. O consumidor europeu e o asiático são mais exigentes. Precisamos agregar valor à produção brasileira, internamente também, defendeu Portocarrero.
O anúncio foi feito ontem (12/04) pelo secretário, durante coletiva à imprensa, quando avaliou os três dias de debates da II Conferência Internacional sobre Rastreabilidade de Produtos Agropecuários, em Brasília, encerrada nesta quarta-feira. Para ele, a maioria dos projetos oficiais de estímulo à produção de alimentos seguros e de qualidade ainda é direcionada apenas às exportações. Para o secretário, é preciso mudar a postura no mercado interno. Portocarrero avaliou como positiva a Conferência sobre Rastreabilidade. O Mapa, segundo ele, formou um grupo com representantes de setores privados para avaliar os principais assuntos debatidos durante a Conferência com o objetivo de elaborar ações dinâmicas de governo.
Sisbov
Durante a entrevista, o secretário anunciou ainda que uma missão de veterinários da União Européia agendou uma visita e virá ao Brasil em junho. O Mapa vai aproveitar a visita para entregar o texto legal que dispõe sobre o novo modelo do Sistema Brasileiro de Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) que deve ser anunciado nos próximos dias. Em janeiro de 2007, outra missão européia retorna ao Brasil para a avaliação periódica das condições sanitárias do rebanho brasileiro.
Conferência
Divididos em onze painéis, os conferencistas abordaram temas como a importância da rastreabilidade na segurança alimentar, em Organismos Vivos Modificados, em programas de certificação de diversos países, o Sisbov, a sustentabilidade das cadeias produtivas, acordos internacionais referentes ao assunto e bem-estar animal, entre outros temas.
Entre as palestras de maior quorum estavam as explanações sobre o sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF) e o Programa Pró-Orgânico, ambos coordenados pelo Mapa. José Rosalvo Andrigueto detalhou, para uma platéia internacional, a importância da adesão voluntária ao PIF e os ganhos de produção. Andrigueto também destacou que o sistema não é excludente e se aplica facilmente a pequenos produtores. Temos produtores com menos de quatro hectares cultivados.
Em palestra intitulada Sistema de produção de orgânicos no Brasil, o coordenador do programa Pró-Orgânico do Mapa, Rogério Dias, destacou a importância desses produtos para o mercado consumidor. Ele expressou preocupação com a sustentabilidade das cadeias agropecuárias e os direitos do consumidor. Queremos fortalecer um comércio que é cada vez mais de interesse do consumidor e dos produtores.
Durante mesa redonda realizada ontem (11/04) no final da tarde, o setor produtivo da cadeia de carnes discutiu a importância do rastreamento para a adequação ao mercado internacional. O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Antonio Jorge Camardelli, destacou o potencial brasileiro no mercado internacional. Nosso país é um grande manancial de carne vermelha. Ele ressaltou a importância da certificação para a abertura de novos mercados.
Hoje, último dia do evento, dois grandes fóruns contaram com a participação dos convencionais. As novas tecnologias de rastreabilidade e os acordos internacionais tomaram conta das discussões pela manhã. Na parte da tarde, foram debatidos assuntos relacionados ao bem-estar animal, ao manejo integrado de pragas e os desafios da Influenza Aviária.