O plano da China de controlar o transporte de suínos vivos para conter a propagação da peste suína africana deve remodelar o mercado e criar diferenças regionais de preços no maior consumidor e produtor mundial de carne de porco.
O país será dividido em cinco regiões a partir de maio, disse o Ministério da Agricultura na semana passada, e porcos vivos não poderão cruzar as fronteiras.
A medida deve derrubar os preços da carne suína nas principais áreas produtoras do norte e aumentar o custo da popular proteína nos centros de demanda do sul.
Se os controles permanecerem em vigor por um longo prazo, as empresas serão obrigadas a abrir fazendas de suínos mais perto de onde estão os clientes.
O setor de suínos da China foi devastado pela peste suína africana em 2018 e, embora o tamanho dos plantéis tenha se recuperado desde então, uma nova onda da doença elevou as importações de carne de porco para nível recorde no mês passado.
Mas os preços caíram com o maior abate, o que aumentou a oferta doméstica.
A carne suína é uma importante fonte de proteína na China, sendo que esse mercado vende cerca de 2 trilhões de yuans (US$ 308 bilhões) por ano, segundo dados da Bolsa de Commodities de Dalian.
Cerca de 20% dos suínos da China, ou cerca de 140 milhões de animais vivos, são transportados a cada ano, principalmente do nordeste ao sul para atender à demanda por carne in natura, disse Lin Guofa, analista sênior da consultoria Bric Agriculture.
“Algumas áreas que costumavam se autodenominar condados sem suínos ou cidades sem suínos terão que abrir fazendas de porcos”, disse. Mas o transporte de carne congelada em vez de suínos vivos será incentivado, o que levará a uma expansão da indústria da cadeia de frio, disse Lin.
O nordeste da China é a principal região produtora de suínos devido ao abundante suprimento de milho e ao acesso relativamente fácil à terra, enquanto a região noroeste de Xinjiang também tem sido identificada como uma área de expansão da produção de carne suína.
Os controles devem reduzir os preços no norte no curto prazo e elevá-los no sul, de acordo com Wang Zhong, consultor-chefe da Systematic, Strategic & Soft Consulting.
Isso pode levar mais grandes criadores de suínos – como Muyuan Foodstuff, New Hope Liuhe e Wens Foodstuff – a construir mais fazendas no sul e mais instalações de abate no nordeste e noroeste.
As novas regras são semelhantes aos sistemas desenvolvidos no Brasil e na Espanha, que tiveram sucesso na eliminação da peste suína africana, disse o Ministério da Agricultura.
Embora “o vírus ainda esteja amplamente distribuído e seja difícil de erradicar a curto prazo”, os controles regionais são uma “escolha inevitável”, disse o relatório.