O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, afirmou que as soluções climáticas para o planeta estão na criação de uma economia verde que seja vantajosa. “Tem que ser uma solução climática lucrativa. Lucrativa para o empreendedor, lucrativa para as pessoas e lucrativa para a natureza. Essa é a única forma do mundo achar uma economia verde”, ressaltou.
Ele participou, nesta semana, em São Paulo, de um debate organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para discutir a agenda climática e os avanços do Brasil em direção a uma economia de baixo carbono.
Segundo o ministro, o Brasil tem a vantagem de contar com uma matriz energética renovável e capacidade tecnológica para realizar esse processo. Leite lembrou que o cenário nacional bateu recorde na produção de energia eólica, com 21 gigawatts, e de energia solar, com 14 gigawatts.
De acordo com o ministro, essas fontes barateiam o custo de energia no Brasil e, com a ajuda da tecnologia da indústria, o País vai chegar a uma economia neutra em carbono até 2050. “Haverá uma reindustrialização. Em algumas regiões, como a Nordeste, será a industrialização verde. Seremos a segurança da energia limpa do mundo, especialmente para a Europa”, destacou.
Joaquim Leite citou iniciativas de incentivo à economia verde, como a que zerou os impostos federais para aquisição de equipamentos para usinas de biogás e biometano, e o decreto que criou o mercado regulado de carbono. “Nós trouxemos uma plataforma única de registro para garantir a transparência, a integridade ambiental e a não dupla contagem”, explicou o ministro. Além do registro, a plataforma permite registrar a pegada de carbono da atividade econômica.
Outra iniciativa apresentada pelo ministro foi a possibilidade de financiar a produção do biometano e do hidrogênio verde com recursos do Fundo do Clima, por meio do BNDES.
O evento “Estratégia da Indústria para uma economia de baixo carbono” reúne especialistas nacionais e internacionais, empresários, federações e associações do setor industrial para discutir a contribuição do país para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, estabelecidas no Acordo de Paris, e as oportunidades de negócios para a descarbonização da indústria brasileira.
Joaquim Leite ressaltou que o Brasil é contra o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira, proposto pela União Europeia, por defender que tudo que for relativo a clima deve ser discutido de forma multilateral dentro da Conferência do Clima e tudo que esteja relacionado a comércio, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Com esse mecanismo, os produtos importados com emissão de carbono acima dos padrões europeus serão taxados na fronteira. “O Brasil é contra porque isso é protecionismo climático”, afirmou.
Outra oportunidade que o Brasil possui, na opinião do ministro, é a grande reserva de vegetação nativa que funciona como sequestrador de carbono e, por isso, deve ser remunerado. “Trazendo valor a esse ativo, nós vamos remunerar quem cuida de floresta e o Brasil tem bastante floresta para ser remunerada”, disse.
Ainda no evento, o ministro lembrou que o Brasil negociou com 1974 países o acordo que reduz a poluição de plástico em todo o mundo. Segundo ele, com a pandemia e a guerra na Ucrânia, o mundo passou a procurar países próximos e com energia verde, e que isso é uma grande oportunidade para o Brasil.
O debate faz parte da preparação da indústria para a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que ocorre em novembro, no Egito. Para o ministro do Meio Ambiente, essa será uma COP da indústria sustentável e da energia renovável.