A cotação de nomes com perfil técnico para substituir o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, agrada o setor produtivo de Mato Grosso. Stephanes deixa o cargo no final do mês para concorrer a uma vaga de deputado federal pelo Paraná e, entre as especulações, os destaques são o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles, considerado uma solução técnica, e o presidente da Conab, Wagner Rossi, que veio da mesma área – técnica – mas é visto como opção política.
Lideranças mato-grossenses são unânimes em dizer que os dois cotados têm perfil técnico para assumir o cargo. A preocupação é que a política de Stephanes deve ter continuidade, seja com Rossi, seja com Fontelles.
Ambos agradam os produtores. O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira, adota uma postura diplomática. “Tanto um quanto o outro atendem às expectativas dos produtores”. Para ele, as características de trabalho dos nomes apontados facilitarão o diálogo e permitirão dar continuidade à postura que Stephanes adotou durante seu mandato. “Os dois são do nosso relacionamento e nos atendem muito bem. Para Mato Grosso, qualquer um dos dois é ótimo”.
Silveira diz que a prioridade do novo ministro deve ser a realização dos leilões PEP de milho. “O que precisamos é de prêmio para o milho”, diz, sem perder de vista a questão da renegociação das dívidas rurais.
Para o diretor da Federação da Agricultura do Estado (Famato), Valdir Corrêa, a afinidade deve prevalecer na escolha do melhor nome para Mato Grosso. “Tivemos mais contato com Fontelles, sabemos do seu conhecimento e vivência no setor, por isso seria bom contar com ele no ministério”. Segundo Corrêa, “pela afinidade que já vem de muitos anos”, o secretário executivo do Mapa seria melhor. “É um homem que sempre resolveu e trabalhou pela agricultura”.
Na opinião de Valdir Correa, o novo ministro deve seguir a mesma linha de Stephanes, “procurando bater de frente com os ambientalistas na defesa da agricultura”. Em termos de ações e política agrícolas, Corrêa destaca a necessidade de melhorar o sistema de crédito, que “hoje é bom só para o Sul/Sudeste do país”. Segundo ele, é preciso regionalizar o crédito rural e dar ao produtor opções de vender seu produto para quem quiser. “Por falta de crédito, o produtor hoje fica refém das trading e multinacionais”, disse. Correa defende também um sistema de seguro rural mais eficiente e a modernização do crédito agrícola.
Perfis – Tanto Wagner Gonçalves Rossi, quanto Gerardo Fontelles, possuem perfil técnico. Rossi, presidente da Conab, é natural de São Paulo, mas mora em Ribeirão Preto (SP), desde o início da década de 1970. Foi parlamentar por cinco legislaturas até 2002 e já ocupou outros cargos na administração estadual e federal, como a presidência da Cia. Docas de São Paulo. Foi produtor rural por mais de 30 anos. Formado em Direito e Administração de Empresas pelas Universidades de São Paulo (USP) e de Ribeirão Preto, Rossi é Ph.D. em Administração e Economia da Educação pela Bowling Green State University, Ohio, Estados Unidos.
Fontelles, engenheiro agrônomo e hoje secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem passagens pela Fazenda e Conab, entre outros órgãos do governo federal. Iniciou sua carreira nos anos 60, atuando em projetos de irrigação no Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca). Cearense de Acaraú, Fontelles tem sua atuação marcada no Ministério e também como técnico nos Ministérios da Indústria e Comércio, do Planejamento e da Fazenda.