Uma única mosca pode carrear mais de 200 bactérias (como por exemplo, a Salmonella) apenas na extremidade de uma de suas patas (uma mosca doméstica possui 6 patas), portanto é evidente que o seu controle é de extrema importância dentro da produção animal. Além do aumento da contaminação cruzada, a presença de moscas eleva o nível de estresse nos animais, e pode estar associada à ocorrência endêmica de doenças como a infecção por Senecavírus.
No caso do Senecavírus A (SVA), um estudo norte-americano em 2016 trouxe algumas idéias sugestivas ao explorar granjas onde os principais sintomas dos animais eram erupções vesiculares e aumento da mortalidade neo-natal. Neste estudo, o SVA foi detectado e isolado de lesões vesiculares e tecidos de suínos afetados, amostras de fezes e intestino delgado de roedores, e foi detectado em moscas recolhidas mesmo em granjas sem histórico de doença vesicular. Esses achados em moscas e roedores sugerem um papel importante dessas pragas como vetores da doença. Naturalmente, reforçamos que as práticas de biossegurança e o controle de pragas devem ser revistos e implantados consistentemente nas granjas para a prevenção não só do Senecavírus, mas de muitas outras doenças causadas por vírus, bactérias, e fungos.
Para combater as moscas ?com sucesso é importante utilizar quantidades de ativos suficientes e além disso aplicá-las da maneira correta na propriedade, controlando larvas e adultos para atingir todo o ciclo reprodutivo. O controle químico (uso de substâncias tóxicas) é muito eficaz e produz resultados imediatos, potencialmente com efeito residual durante as semanas seguintes. Já o controle físico com armadilhas não-tóxicas (como armadilhas de luz e adesivos, por exemplo) pode ser uma alternativa interessante para controlar os insetos adultos no longo prazo.
A produção de carne é uma indústria extremamente globalizada, e sabemos que a ocorrência descontrolada de doenças leva ao uso ainda mais abusivo de medicamentos (especialmente de antibióticos), o que consequentemente afeta a saúde humana no médio e longo prazo. A entrada de patógenos nas granjas e a contaminação cruzada estão, ambas, relacionadas à presença de moscas e roedores nos galpões, e os prejuízos reais são muito maiores do que a sua percepção pelos produtores e profissionais envolvidos. Lembre-se, às vezes o maior problema que se tem na granja está à vista de todos, mas para resolver é preciso enxergá-lo!
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