O Movimento dos Sem Terra (MST) desocupou a área da fazenda da Embrapa em Petrolina (CE) destinada ao Seminário Show, evento de repasse de tecnologias aos agricultores do semiárido. A invasão aconteceu no domingo, 30, quando cerca de 1.500 integrantes do MST ocuparam o centro de pesquisas da Embrapa Semiárido, vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária. O movimento alegou que o governo Lula não cumpriu a promessa de destinar áreas para assentar as famílias acampadas na região, durante as negociações em abril deste ano.
Em resposta à ocupação, a Embrapa manifestou “repúdio” ao ato, afirmando que os ocupantes já haviam se retirado da área e que os trabalhos para a abertura do evento continuavam normalmente.
Na tarde seguinte, segunda-feira, 31, o MST anunciou a saída da área após uma reunião com o governo federal. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, é aguardado em Petrolina para discutir a situação.
As invasões do MST em abril também afetaram o governo, afastando o Planalto da Agrishow, maior evento do agronegócio na América Latina, em São Paulo. O ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, foi “desconvidado” da abertura da feira após os organizadores informarem que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria presente.
Em resposta, a bancada ruralista na Câmara conseguiu apoio para a instalação de uma CPI do MST, que retomará as oitivas nesta semana. O presidente da CPI, deputado Tenente Coronel Zucco, classificou as ações do grupo como um “deboche”, acusando o governo de ser “conivente” com as ações do MST.
A reocupação da área da Embrapa em Pernambuco foi decidida em assembleia no domingo, e o MST espera que o governo cumpra suas promessas relacionadas à reforma agrária e ao apoio aos movimentos sociais.
A área invadida é utilizada para experimentos de produção em ambientes com escassez de água e para a multiplicação de material genético de sementes e mudas de cultivares lançados pela empresa. O Semiárido Show, evento realizado na fazenda, é uma feira de inovação tecnológica para a agricultura familiar do Semiárido brasileiro.
A Embrapa Semiárido confirmou a invasão e afirmou que tomará medidas judiciais para reintegração na posse da área, enquanto o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) prepara uma manifestação oficial sobre o incidente. O evento continuará até o dia 4.