Temores sobre os efeitos da nova variante do coronavírus, descoberta na África do Sul, sobre a economia global afetaram os mercados nesta sexta-feira, incluindo as commodities agrícolas. Na bolsa de Chicago, soja e trigo recuaram, e o milho seguiu rumo oposto.
Os contratos futuros de soja para janeiro, os mais negociados no momento, fecharam o dia em queda de 1,09% (13,75 centavos de dólar), a US$ 12,5275 o bushel. A posição para março encerrou em baixa de 1,12% (14,25 centavos de dólar), a US$ 12,6300 o bushel.
Apesar do retrato macroeconômico, os fundamentos são de alta para a oleaginosa. Um desses elementos é a demanda aquecida. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os americanos negociaram 1,5 milhão de toneladas do grão na semana encerrada em 18 de novembro, volume 13% maior que o da semana anterior e superior também à média móvel de quatro semanas.
“A procura por farelo e óleo de soja melhorou muito nos Estados Unidos e Canadá”, disse Jack Scoville, analista do Price Group, em seu último relatório.
Mesmo com problemas de oferta global, o trigo seguiu pelo mesmo caminho da soja, reflexo das notícias sobre a ômicron, a nova variante da covid-19. Os contratos que vencem em março recuaram 1,18% (10 centavos de dólar), a US$ 8,4025 o bushel. A posição seguinte, para maio, por sua vez encerrou em queda de 1,17% (10 centavos de dólar), a US$ 8,4650 bushel.
Nesta semana, o cereal chegou a renovar seus maiores patamares nos últimos nove anos em Chicago, sob influência do clima chuvoso que afeta a qualidade das lavouras na Austrália, Estados Unidos e Rússia.
Já o milho para março fechou a sessão em alta de 1,07% (6,25 centavos de dólar), a US$ 5,9175 o bushel. O papel seguinte, que vence em maio, avançou 0,93% (5,50 centavos de dólar), a US$ 5,9550 o bushel.
Segundo o analista Jack Scoville, que já via espaço para novas altas do cereal, o suprimento de milho está apertado. Em um cenário de forte demanda pelo grão, “os agricultores estão colhendo, mas não vendendo”, diz. Nesta semana, a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) informou que a produção de etanol nos EUA cresceu 1,89% na semana encerrada em 19 de novembro, chegando a 1,08 milhão de barris por dia — um volume superior ao esperado por analistas. No país, o biocombustível é feito principalmente a partir de milho.
Outra evidência de demanda firme partiu do USDA, que informou a venda de 100 mil toneladas da safra 2021/22 para o México. Esses movimentos impactaram o mercado da commodity, que segue de olho na ausência da China.