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Inovação

Na Tailândia, fazenda usa cannabis para alimentar suas aves

Saiba como foi o experimento de uma universidade da Tailândia, que passou a utilizar a erva para substituir os antibióticos e outros medicamentos

Na Tailândia, fazenda usa cannabis para alimentar suas aves

Uma fazenda que cultiva maconha medicinal no norte da Tailândia está alimentando seus frangos e galinhas com cannabis, em vez de antibióticos. Segundo os estudos realizados na propriedade, o experimento produziu resultados promissores.

Pesquisadores do Departamento de Ciências Animais e Aquáticas da Universidade de Chiang Mai disseram que menos de 10% das 1.000 aves da fazenda em Lampang morreram, desde que a cannabis foi introduzida na dieta dos animais, em janeiro de 2021.

Embora as descobertas do estudo ainda estejam sob revisão e cubram apenas um ano de pesquisa, Chompunut Lumsangkul, professor assistente que liderou o estudo, disse ao site nova-iorquino Insider que a dieta da cannabis parece estar funcionando. A taxa de mortalidade das aves na fazenda tem sido a mesma das temporadas regulares, para períodos em que se registra normalidade no criatório, como algum surto de uma doença, disse ele.

A dieta especial das aves é produzida pela adição de cannabis triturada à ração e à água, afirmou Lumsangkul. Nenhum antibiótico ou medicamento foi administrado ou usado durante esse período.

Além de animais saudáveis, o experimento também permitiu que a fazenda vendesse seus frangos a preços mais altos para consumidores que buscam aves orgânicas. Os preços registrados são o dobro da cotação normal no país, cerca de R$ 7,80 o quilo. Principalmente porque os compradores querem frango orgânico que não recebeu antibióticos, disse Lumsangkul. Ele também afirmou que a carne das aves, que eles chamam de “GanjaChicken”, é mais macia e tem um sabor melhor do que os frangos comuns.

“Os consumidores da Tailândia estão atentos a isso, porque a demanda por frango está aumentando e muitos agricultores precisam usar antibióticos. Por isso, alguns clientes querem encontrar um produto mais seguro”, disse o professor assistente.

Como parte do experimento, Lumsangkul disse que sua equipe de pesquisa, às vezes, fornecia aos animais níveis elevados de THC (tetrahidrocanabinol), que excedia os limites legais para humanos na Tailândia. No início deste mês, o governo tailandês legalizou a venda de produtos de cannabis, mas limitou a 0,2% a quantidade de THC em itens que podem ser consumidos. Em comparação, às aves criadas nas fazendas esse índice pode chegar a 0,4%, disse Chompunut. “Não posso dizer que a cannabis não deixa as galinhas alteradas, porque elas exibem um comportamento normal.”

Lumsangkul observou que ainda não está claro para a ciência quais são os benefícios de alimentar as aves com cannabis, nem se sabe por que a cannabis mantém os animais saudáveis.

No entanto, ele disse que é provável que a erva tenha compostos bioativos ou substâncias que promovam atividade metabólica e melhores condições de saúde, o que estimula o sistema imunológico das aves.

O estudo foi um “teste de triagem” até agora, e os pesquisadores ainda precisam testar se a ração de cannabis funciona para proteger as galinhas e frangos contra a gripe aviária ou outras doenças graves, disse Lumsangkul.

Quanto a saber se as pessoas podem ficar chapadas comendo frango alimentado com cannabis, Lumsangkul disse que “não há como” isso acontecer. O THC é completamente metabolizado no corpo do animal antes do abate, então sua forma muda completamente quando chega à mesa, disse ele.