O Departamento Chinês da Indústria e do Comércio recentemente descobriu um “extrato de carne” utilizado por pequenos restaurantes ao redor de Hefei – cidade de quase 5 milhões de habitantes, a mil quilômetros ao sul da capital Pequim – que magicamente transforma carne de porco em carne de boi.
A China tem uma fama internacional de imitar produtos estrangeiros em solo chinês e vendê-los como se fossem originais. Isso não quer dizer que os chineses não fazem coisas originais também, mas seu talento de reproduzir praticamente qualquer coisa é lendária.
A fama de réplicas de comidas, por sua vez, não é tão difundida assim. No entanto, e por incrível que pareça, isso existe. Há registros de pessoas que “fabricam” ovos utilizando produtos químicos em laboratórios montados em suas próprias casas. E agora, a onda da vez é o aditivo que transforma carne de porco em bife de boi em apenas uma hora e meia.
O produto, “mágico” porém muito questionável, aparentemente se tornou popular em pequenos restaurantes chineses em Hefei, Fujian, Jianxi e outros locais em todo o país. Grande parte do sucesso se dá graças à economia: a carne de boi na China é duas vezes mais cara que a carne de porco: um quilo de bife bovino é vendido por cerca de 20 yuan, enquanto os custos do porco somam apenas 10 yuan. Por isso, alguns proprietários de restaurantes decidiram comprar o extrato de carne bovina – o litro sai por 45 yuans – e usá-lo para maximizar os lucros.
Após rumores da propagação do aditivo em toda a China, um repórter local conseguiu colocar as mãos em uma garrafa do extrato e decidiu documentar seus efeitos em uma reportagem. Segundo ele, o produto realmente funciona: apenas 90 minutos depois de tê-lo despejado sobre um pedaço de carne de porco, o alimento já cheirava e se parecia com um bife bovino. A carne muda de cor e fica mais escura. De acordo com o repórter, não há diferença sensível entre a carne real e a versão falsificada.
Enquanto o aditivo dá lucro aos proprietários de restaurante, ele pode não ser tão benéfico assim para a saúde dos consumidores. Médicos afirmam que o uso a longo prazo do produto tem consequências graves, incluindo deformidades e câncer.
Por Bruno Calzavara