A avicultura cria aves para produção de alimentos: carne e ovos, tendo a qualidade desses alimentos garantida com planos de gerenciamento, envolvendo biosseguridade e/ou biossegurança, bem-estar, nutrição e genética em toda a cadeia de produção/indústria, chegando como alimento ao mercado. Destaca-se o frango e, em escala menor, aves de postura, patos, gansos, marrecos, codornas e avestruzes. A produção de frangos de corte no Brasil – da granja ao prato – modernizou-se pela necessidade de redução de custos, ganho de produtividade e atendimento de exigentes consumidores, preocupados com segurança alimentar, garantindo a sua competitividade. A avicultura nacional é uma das mais organizadas, o que fica evidente pelos resultados alcançados em indicadores zootécnicos, volume de abate, desempenho social, ambiental, sanitário e econômico e com sua contribuição com a agricultura no uso de insumos como milho, sorgo, soja, milheto, dentre outros, tão necessários à produção dessa carne.
A avicultura no Brasil desponta na agropecuária por ser considerada a mais dinâmica e tecnificada. O seu desenvolvimento começou no final da década de 50, na região Sudeste, principalmente em São Paulo. Em 70, período de profunda transformação, houve o deslocamento para a região Sul. A produção brasileira em 2010 ultrapassará 11 milhões de toneladas, com 30% sendo exportada para mais de 150 países. O mercado interno – maior demanda da produção – mudou o hábito de consumo, de consumidor de carne vermelha a carne branca do frango, ultrapassando 40 kg por habitante/ano. A China, potencial consumidor no futuro, registra algo em torno de 10 kg/habitante.
A biologia, engenharia, veterinária, zootecnia, agronomia, economia, administração e outras ciências atuam no controle, pesquisa, qualidade, tecnologia de ponta da produção ao mercado, que somada à competência de gestão das organizações, fazem a diferença no Brasil. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e instituições de ensino contribuem em pesquisas e com empresas privadas na instrução e intercâmbio com produtores e parceiros em toda a cadeia produtiva. O mundo aprecia o frango brasileiro e temos muita área para ser explorada, desde a criação, industrialização até o mercado. Fato que não ocorre em outros países e continentes por falta de espaço, água, qualidade de mão-de-obra, insumos e condições climáticas. Somos o maior exportador mundial e um dos maiores produtores, contando com grandes marcas e gerindo a sustentabilidade dessa posição de liderança. Mais de quatro milhões de pessoas atuam, diretamente, na avicultura brasileira e são merecedoras de respeito ao sucesso alcançado, valendo ressaltar a integração entre produtores rurais e as agroindústrias, que se caracteriza em uma parceria de sucesso, envolvendo empresas, produtores, fornecedores de insumos avícolas, municípios e instituições publicas/privadas, principalmente na viabilidade de financiamentos.
Muito que comemorar – O dia da avicultura, comemorado em 28 de agosto, dá a importância que representamos no cenário social, político, econômico, cultural, ambiental, agropecuário, de bem-estar animal e humano – foco final de associações, empresas, profissionais e consumidores, em razão da produção de alimentos no final do processo. Projeções do consumo brasileiro de carne de frango indicam que ele logo superará oito milhões de toneladas e, em 2020, chegará a 11 milhões de toneladas, sendo possível se calcular a evolução do consumo per capita nesse período. Porém, difícil é estabelecer a real população brasileira – problema sanado no próximo censo -, mas, supondo que os brasileiros sejam, no final de 2010, quase 200 milhões, o consumo per capita de carne de frango, que gira em torno de 41 kg, chegará a 44 kg. Imaginando que nos próximos 10 anos a população brasileira evolua a uma taxa média anual de mais de 1%, em 2020 nosso consumo irá variar de 45 kg a 56 kg (média de 50 kg per capita). Ou seja, enquanto a população vai crescer no máximo 12%, o consumo médio per capita cresceria 23%.
Neste cenário, a avicultura brasileira terá tanto sua produção quanto exportação de frango aumentada, embarcando um volume recorde em torno de 3,5 milhões de toneladas, contrapondo à queda das exportações dos Estados Unidos, que ficarão próximas a três milhões de toneladas. Ano passado, as vendas externas de carne de frango sofreram com a crise econômica, falta de crédito e o fortalecimento do real, reduzindo a competitividade e as margens de ganho da atividade. Esse ano a situação não esta diferente, porém, pelo menor preço da ração, a atividade não está enfrentando perdas ainda maiores. No curto prazo será difícil conseguir que o preço da carne de frango retorne aos excelentes níveis registrados em 2008, quando, apesar do retrocesso na segunda metade do ano, o produto in natura exportado pelo Brasil alcançou valor médio recorde com de 25% sobre o ano anterior. O Secex/MDIC revela que preços enfrentados no período crítico da crise econômica mundial ficaram para trás e os obtidos no primeiro semestre são similares aos registrados no mesmo período de 2008, sendo que as dificuldades econômicas persistem em razão do câmbio e não dos preços internacionais.
A receita avícola obtida com embarques de frango gera milhões de dólares ao País, com média diária de quase US$ 25 milhões, sendo que a primeira exportação brasileira foi feita em 1975. No mercado interno o preço começa a reagir positivamente, com dados animadores à avicultura, abrangendo toda a sua cadeia, da genética ao mercado, nos alertando que precisamos cada vez mais profissionalizar a atividade. Somente conseguiremos a sustentabilidade com profissionais qualificados, capacitados e com espírito de liderança para gerenciar pessoas e projetos na obtenção da manutenção da biosseguridade e segurança da atividade como um todo. Temos, ainda, carências de profissionais alinhados ao negocio das companhias, fazendo com que tanto as organizações como profissionais gastem energia desnecessária na consolidação dessa parceria tão salutar a todos. Devemos, então, como executivos, criarmos esse clima envolvendo subordinados, colegas e empresários para mostrar a importância desse conceito nos complexos avícolas brasileiros.
Parabéns a todos!
Por Valter Bampi, médico veterinário e executivo avícola.