O Ceará já dispõe da primeira usina solar comercial em funcionamento na América Latina, encravada numa das regiões com os menores índices de pluviosidade do semiárido e onde os raios solares predominam durante o ano inteiro: a cidade de Tauá, nos Inhamuns. Instalada em tempo recorde pela empresa pioneira na exploração de um recurso natural até então desprezado, a usina iniciou suas atividades produzindo, inicialmente, 1 MW de energia.
Essa capacidade produtiva de estreia é suficiente para abastecer um grupo de 1.500 residências do município. Ao mesmo tempo, estão sendo adotadas as providências para expandir essa capacidade para 2 MW de geração, esperando-se atingir este patamar no início do próximo ano. O investimento inicial foi de R$ 10 milhões, abrindo oportunidade de parcerias para consolidar a usina, a primeira das quais com a GE América Latina, fabricante de painéis fotovoltaicos.
A MPX Tauá seguirá um plano de crescimento distribuído por etapas, com projeção de alcançar, no curto prazo, 5 MW do total de 50 MW autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Construída numa área de 200 hectares, a usina solar seguirá uma planta industrial desafiadora para um empreendimento marcado pelo pioneirismo. A expansão futura de sua capacidade produtiva implica em investimentos estimados em R$ 500 milhões.
A parceria internacional é fator estratégico decisivo para essa gigantesca ampliação, pois a usina depende, necessariamente, dos painéis solares produzidos pela associada. Além da experiência de Tauá, novas unidades poderão ser instaladas no Nordeste, aproveitando as excepcionais condições do meio ambiente, onde a matéria-prima para a geração desse tipo de energia – os raios solares – predomina praticamente durante o ano todo.
Atualmente, 74% da matriz energética brasileira procedem da água, do vento ou da biomassa. A energia hidrelétrica é responsável por 66,11% do suprimento nacional. As demais fontes estão situadas no carvão mineral, petróleo, biomassa, gás, nuclear e na importação. Em breve, essas fontes estarão diversificadas com a contribuição da energia solar, cujo crescimento se desenha com a ampla perspectiva de produção.
Por enquanto, há barreiras impostas pelo preço energético da matriz solar. Enquanto o custo de produção do megawatt/hora de energia hidrelétrica gira em torno R$ 150,00, o da matriz solar alcança R$ 700,00. Contudo, esse valor decorre do limitado emprego dos painéis solares, captadores dos raios para transformação energética. O desencadeamento dessa experiência oferece um largo mercado consumidor para reduzir os custos de produção dos equipamentos, porque a matéria-prima é fornecida, sem ônus, pela natureza.
O Governo do Estado anuncia a realização de leilões para comprar energia elétrica originária de fonte solar, destinada ao abastecimento de órgãos públicos. O aumento do consumo contribuirá, também, para reduzir o custo de produção. No Brasil, a usina pioneira marca etapa essencial na evolução dos insumos utilizados na produção da riqueza.