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C.Vale

Novas gerações no agronegócio

Campo se moderniza, diversifica atividades e atrai a atenção dos mais jovens

Novas gerações no agronegócio

No relevo ondulado da capital brasileira da semente de soja, um autopropelido se move numa área de soja com potencial produtivo para 70 sacas/hectare. Do pulverizador, desce a agrônoma Bibiana, a segunda dos três filhos de Edinei Granemann e agora a responsável pela produção de grãos nos 400 hectares da fazenda em Abelardo Luz (SC). Ela é da terceira geração de uma família de descendentes de alemães que habita o município desde 1962, quando o avô Cirilo comprou 2.200 hectares de terras na localidade.

Bibiana faz parte de um contingente crescente de mulheres que não se intimida em ocupar espaços em que os homens predominam. Ela juntou a necessidade à oportunidade e está sucedendo o pai Edinei nas atividades. Depois de se formar em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), começou a dar aulas e a desenvolver outras atividades até que a mãe Roceli Spautz da Costa, pouco antes de falecer, em 2011, fez uma sugestão em forma de pergunta. “Porque tu não vem ajudar o teu pai?”

A filha decidiu topar o desafio e retornou à propriedade. “Eu tinha feito Agronomia, então meu pai me abriu espaço para ajudar nas atividades”, lembra. Bibiana conta que os primeiros anos foram os mais difíceis. “Os vendedores não queriam falar comigo, só com o meu pai, mas ele passou a tarefa de negociar os insumos ‘pra’ mim”, revela. Outra dificuldade foi com os funcionários da fazenda. “Alguns homens não aceitavam ser comandados por uma mulher”, comenta.

Ao mesmo tempo em que superava as dificuldades iniciais, Bibiana se casou com o geógrafo Bruno, que deixou seus afazeres para morar com ela na Fazenda Granemann, uma propriedade bem organizada e com uma sede rodeada por pequenas matas. Em 2016, o pai Edinei sofreu um infarto e dali em diante a condução das atividades ficou ainda mais concentrada na filha Bibiana. Mas ela não se intimidou. Assim como aprendeu a operar tratores, pulverizador, colheitadeiras e até caminhão, ela passou a dividir tarefas com o marido.

APOSTA NO TRIGO

Na fazenda, a soja é o carro-chefe da renda, mas divide áreas em rotação de culturas com milho e feijão. No ano passado, os Granemann aceitaram o desafio proposto pela unidade da C.Vale de Abelardo Luz e destinaram 53 hectares ao trigo através de um programa inovador que a cooperativa mantém em parceria com a Biotrigo e Suporte Corretora. As cultivares TBioAudaz e Tbio Aton foram implantadas com espaçamento de 25 centímetros em vez dos tradicionais 17 centímetros. O rendimento médio da lavoura ficou em 79 sacas/hectare, mas o Audaz chegou a produzir 94 sacas/hectare, com 81 de pH. A produtividade média do trigo em Abelardo Luz fechou em 62 sacas/hectare no ano passado. Os resultados animaram Bibiana e agora em 2022 ela pretende aumentar a área de trigo para 120 hectares. É uma forma de diversificar a renda da propriedade.

A soja também está animando a produtora já que, diferentemente da maior parte da região Sul, a estiagem afetou pouco a cultura na atual temporada. A média deve ficar em 70 sacas/hectare contra 75 sacas da safra anterior. Bibiana quer incrementar os resultados da propriedade e, para isso, decidiu adotar a agricultura de precisão em parte da área para ir expandindo a aplicação da tecnologia posteriormente.

Enquanto o pequeno Igor Luiz, de um ano e sete meses, saracoteia no colo do pai Bruno, Bibiana revela que seus planos são melhorar os barracões de máquinas e insumos da fazenda. Segundo ela, outra necessidade, mas da porteira para fora da fazenda, seria o asfaltamento da estrada Santo Inácio, que liga Abelardo Luz a Clevelândia, no Paraná. Mas enquanto o asfalto não sai, o avô Edinei já leva o neto Igor para a lavoura. Talvez esteja nascendo nesse gesto simples uma nova geração dos Granemann para o agronegócio. (C.Vale)

RAIO X

Família Granemann

Município: Abelardo Luz (SC)

Área total: 550 hectares

Renda: soja 60% e milho, trigo e feijão 40%

Rendimento soja 2021/22: 70 sacas/hectare

Rendimento trigo 2021: 79 sacas/hectare

Rendimento milho 2021: 150 sacas/hectare

Rendimento feijão: 29 sacas/hectare