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Entidades

Novo mandato

Presidente da Faesc quer mais competitividade na agricultura de Santa Catarina. José Zeferino Pedrozo inciará novo mandato frente a entidade.

A defesa política do setor, a modernização da legislação ambiental e a abertura de novos mercados são metas do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, que inicia novo mandato nesta sexta-feira à frente da mais importante entidade do agronegócio catarinense. A solenidade de posse ocorre às 20 horas, no Golden Executive Hotel, em São José (Grande Florianópolis).
           
A Faesc congrega 99 Sindicatos filiados que representam cerca de 85.000 integrantes da categoria econômica rural. Pedrozo está vinculado ao associativismo há mais de 30 anos. Graduado em Administração de Empresas, foi presidente do Sindicato Rural de Joaçaba, da Cooperativa Tritícola Rio do Peixe (Coperio) e da Coopercentral Aurora; conselheiro de diversas entidades como Ocesc, Senar, Bancoob e CNA. Foi deputado estadual por duas legislaturas, oportunidade em que apresentou leis e projetos em defesa do produtor rural, da defesa ambiental e da geração de emprego e renda.

Quais suas prioridades neste novo mandato na presidência da Faesc?
José Zeferino Pedrozo –
Em face da natureza da atividade agrícola e pecuária, continuam sendo nossas metas a defesa política do setor primário da economia barriga-verde e a proteção econômica da classe rural. Precisamos prover a família rural de renda suficiente e compatível com suas necessidades. Para ampliar a renda vamos perseverar na capacitação do produtor rural, tarefa que o Senar vem realizando com muito sucesso, ao lado das cooperativas, Epagri, Cidasc e agroindústrias; e manter a diversificação de atividades, buscando em todas elas o aumento da produtividade. Os grãos estão em alta e o leite vem sendo um exemplo positivo, pois garante renda mensal ao produtor e evitando o êxodo rural.

Quais suas previsões para este segundo semestre e para  2012?
Pedrozo – Vamos enfrentar dificuldades. O bom resultado nas exportações do primeiro semestre não se repetirá no segundo semestre. Os custos de produção elevados vão encarecer o preço dos alimentos e, como consequência, haverá redução do consumo. É muito provável que haja retração na atividade econômica mundial. Muitos países não ajustaram suas contas e correm o risco de uma nova crise financeira que, como ocorreu em 2008/2009, afetará diretamente o Brasil. O governo brasileiro já fala em crescimento de 4% em 2012.

A situação cambial continua prejudicando a agricultura?
Pedrozo – A valorização da moeda brasileira preocupa. Estamos perdendo a competitividade dos produtos manufaturados. Os produtos agrícolas também estão ameaçados de perder a competitividade no mercado externo. O governo deveria adotar medidas para tentar conter a queda do dólar no Brasil. Sabemos que a guerra cambial  ainda não acabou.  A excessiva valorização do real  é negativa para o setor produtivo nacional porque aumenta as importações e reduz as exportações.

Como desarmar essa “armadilha” do câmbio?

Pedrozo – Realmente estamos em uma espécie de “armadilha” porque há muito dólar entrando no Brasil e o real não para de se valorizar. Veja como a questão é complexa: as commodities exportadas pelo Brasil vêm se valorizando e trazem mais dólares para cá e os investidores globais, quando buscam boas opções de rentabilidade, encontram no Brasil um paraíso porque nós pagamos os maiores juros do planeta.

O preço dos alimentos continua aumentando. Isso é bom para os produtores rurais?
Pedrozo –
Não é bom para ninguém. Os custos de produção estão muito elevados e as margens dos agricultores, dos produtores e empresários rurais estão baixas. Sabemos que o mundo está assustado com o aumento dos preços dos alimentos, que pressionam a inflação e afetam a recuperação econômica. A cotação dos alimentos aumentou  42,7% em 12 meses, mas quem lucra não é quem produz.

Os custos de produção agrícola estão muito altos?
Pedrozo – Os preços do milho e da soja cresceram e estão recompensando quem produz grãos. Porém, de outro lado, encareceram a produção de proteínas, pois toda a cadeia produtiva de suínos e aves depende desses grãos. A alta das cotações desses grãos influenciou o ritmo de alta dos preços das rações Os preços médios do milho, um dos principais componentes da ração animal, subiram 27,1%. É preciso lembrar que 70% do alimentos dos animais criados para abate é  constituído de milho.

O que explica esse aumento de custos de produção?
Pedrozo – O consumo de milho para abastecer a avicultura e a suinocultura industrial é muito grande. Somente Santa Catarina precisa de 6 milhões de toneladas. Para agravar, o milho está sendo utilizado para produzir etanol e, a soja, para biodíesel. 

Quais as perspectivas do setor conquistar novos mercados externos para não ficar dependendo apenas da Rússia?
Pedrozo – Estamos trabalhando em várias frentes através da Abipecs, do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Temos um mercado aberto de carne bovina para o mundo inteiro e de frango para 150 países, mas o mercado de carne suína está muito restrito – Rússia, comprava 90% das nossas exportações, o restante para Hong Kong e Argentina – mas estão surgindo novas possibilidades com a China, a Ásia, os Estados Unidos e outros países.

A questão ambiental continuará sendo pauta do agronegócio em 2011/2012?
Pedrozo –
A legislação federal é formada por milhares de normas e decretos que modificam e mutilam o Código Florestal Brasileiro, razão pela qual a legislação ambiental e florestal tornou-se um pesadelo para milhões de agricultores. A agricultura brasileira é competitiva internacionalmente, mas vive à mercê de normas e decretos que não se enquadram na realidade nacional, embora expedidos sob o manto do Código Florestal.

A sociedade brasileira melhorou sua percepção sobre o universo rural?
Pedrozo –
  Sem dúvida, é preciso realçar que uma das grandes conquistas do agronegócio nesses dois anos em que o Congresso Nacional discutiu a legislação ambiental foi tornar-se percebido como setor essencial da economia nacional e entrar na pauta geral de preocupações da sociedade brasileira. Há décadas, normas ambientais equivocadas e divorciadas da realidade apenas inviabilizam as atividades agropecuárias e provocam êxodo rural. Por isso, a Faesc defendeu a criação de uma legislação ambiental de amplitude estadual, coerente com a estrutura fundiária de cada Estado, como o fez Santa Catarina em 2009, dando um exemplo ao país e sensibilizando o Congresso Nacional que está revendo o Código Florestal.