A conquista do status sanitário de livre de febre aftosa sem vacinação pode levar o Paraná a dobrar as exportações de carne suína. Os números são de um estudo apresentado ao secretário da Agricultura e do Abastecimento do estado, Norberto Ortigara, pelo Departamento de Economia Rural (Deral) e a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Atualmente, o Paraná produz 107 mil toneladas de proteína suína por ano e, segundo o estudo, esse volume pode chegar a 200 mil toneladas.
De acordo com os técnicos da Marta Cristina Dinis de Oliveira Freitas (Adapar) e Fábio Peixoto Mezzadri (Deral), esse cenário é previsto se o Paraná conquistar apenas 2% do mercado potencial, liderado por China, Japão, México e Coreia do Sul, que pagam mais pelo produto com reconhecida qualidade sanitária, e representam 64% do comércio mundial de carne suína.
Com o reconhecimento de Área Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, o Paraná poderia exportar, sem restrições, para esses países que compram cerca de 5 milhões de toneladas de carne suína por ano, o equivalente a seis vezes as exportações atuais.
Ainda conforme os técnicos do governo, as cadeias produtivas de carne bovina, de aves e leite também serão beneficiadas com o acesso a mercados que pagam mais por um produto de reconhecida qualidade sanitária. O Paraná, segundo eles, poderá ser um importante produtor de carne bovina e autossuficiente na produção de bezerros.
Fechamento de fronteiras
Caso o Governo do Paraná decida por iniciar o processo, a última campanha de vacinação será em maio, para animais jovens de zero a 24 meses. Depois disso, não haverá mais vacinação, disse o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins.
Finalizada a campanha de vacinação, o Ministério da Agricultura irá fechar fronteiras interestaduais com os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, impedindo o transporte de bezerros para engorda e animais para abate em território paranaense. O Ministério deverá editar uma Instrução Normativa impedindo o trânsito de cargas vivas para o Paraná, preservando o território estadual.
O estudo aponta que essa medida trará impacto imediato em apenas cerca de 30 produtores rurais, que representam 50% das movimentações relacionadas a ingressos de bovinos no Paraná. Na média dos últimos três anos entraram no Estado 100.936 animais bovinos para abate, cria ou engorda, representando 1,08% em relação ao rebanho do Estado, avaliado em 9,36 milhões de cabeças.
De acordo com o secretário Norberto Ortigara, o Ministério da Agricultura já fez duas auditorias de avaliação do serviço sanitário paranaense, exercido pela Adapar, para conferir se está apta a empreender o processo de área livre de febre aftosa sem vacinação.
Na vistoria entre 15 e 19 de janeiro de 2018, o Ministério concluiu que a Adapar tem um dos melhores serviços sanitários do País e o Estado está apto a avançar de bloco a qual pertence no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA).
O Paraná saltaria do quarto bloco a qual pertence, ao lado dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, para avançar sozinho no processo de conquista do status.