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Novos acordos

<p>Passada a ressaca do fracasso de Doha, governo estuda alternativas de negócios para o setor agrícola.</p>

Redação (25/06/07) – Passada a ressaca do fiasco da tentativa de acordo do G-4 (grupo formado pelos EUA, União Européia, Brasil e Índia), governo e setor exportador voltam a atenção aos mercados com os quais o País poderá realizar acordos bilaterais.

Ásia e Oriente Médio estão no foco, por oferecerem mais chances de acordo agrícolas. ””Nosso desafio será encontrar parceiros que queiram negociar, já que temos alta produtividade na área agrícola”” , afirma Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, do Ministério da Agricultura.

Dois acordos que estão com negociações mais avançada e muito próximos de uma finalização são com Israel e com a Comunidade do Golfo. ””Temos muito interesse em negociar com o Oriente Médio, que produz poucos produtos agrícolas, porque teríamos muito a ganhar com o acesso a este mercado”” , afirma Porto.

No caso dos países do extremo Oriente, o problema, segundo Porto, é que a competitividade de alguns deles na área industrial, caso da Coréia do Sul, assusta a indústria brasileira. Por isso, o ministério pretende trabalhar em conjunto com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na tentativa de identificar países ou blocos econômicos com os quais haja interesse em negociar tanto do lado agrícola quanto da indústria.

Outro asiático com grande potencial de mercado é a Índia, país de grande população e com renda per capita em ascensão.O Mercosul e a Índia já assinaram um acordo de preferências tarifárias, que passou pelos parlamentos argentino e uruguaio, mas ainda depende da aprovação dos congressistas brasileiros.

Na avaliação do coordenador da área de comércio exterior da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antonio Donizeti Beraldo, as negociações bilaterais são complementares aos esforços para liberalizar o comércio mundial na OMC.

A crítica da confederação é que o governo brasileiro abandonou as negociações bilaterais antes realizadas via o Mercosul com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a União Européia (UE), focando apenas na OMC. A CNA concorda que, além da UE, a Ásia é o grande mercado consumidor. ””Imagine se cada chinês ou cada indiano comesse um bife por dia””, diz Beraldo.

Entretanto, ele considera que o Brasil acabou virando refém do próprio bloco comercial que o governo tanto se esforçou para criar. ””O País virou refém do Mercosul”” , acredita Beraldo. Isso porque o processo de negociação do Mercosul é difícil, já que é necessária a adesão de todos os países do bloco em torno das propostas.