Estamos encerrando o Ano Internacional da Agricultura Familiar e, ao mesmo tempo, às vésperas de um novo período governamental. Trata-se de um bom momento para avaliar o potencial e os problemas da agricultura familiar no Brasil.
Em primeiro lugar, é preciso distinguir dois grupos de produtores, com características bem diferentes, e que podem ser enquadrados como agricultores familiares. Um desses grupos é saudável, inserido no mercado e estimula o potencial empreendedor dos micro e pequenos produtores. O outro tipo, de caráter assistencialista, pode induzir a uma permanente miserabilidade, e é reprovável do ponto de vista econômico e social.
Em alguns segmentos de nossa agropecuária, os micro e pequenos produtores têm importância fundamental, como é o caso do feijão, arroz, mandioca, frutas e hortaliças. Na área animal, eles são responsáveis por mais da metade da produção de leite, suínos e aves.
A produção orgânica também é um caminho bastante apropriado para os agricultores familiares, porque exige muita dedicação, mão de obra especializada e rigoroso controle. Trata-se de um segmento que agrega valor ao produto e, por consequência, maior renda aos produtores.
Precisamos proporcionar condições para que os agricultores familiares possam evoluir, tornando-se médios e grandes produtores. No Brasil, temos diversos exemplos de pequenos agricultores que se transformaram em gigantes de nosso agronegócio.
Cabe ressaltar que há uma tendência global que aponta para o aumento no tamanho das propriedades rurais e a especialização de sua produção, com a utilização mais intensiva de tecnologia e, consequentemente, com a melhoria da produtividade.
Isso é natural. Afinal, propriedades de maior dimensão apresentam melhor desempenho quando comparadas às pequenas, na medida em que utilizam com maior intensidade trabalho e capital.
A evolução de um agricultor familiar depende da disponibilidade e do acesso ao ensino de qualidade, da assistência técnica, do crédito rural e de um adequado sistema de garantias e seguro rural. Os pequenos produtores não têm como suportar as eventuais adversidades do clima, pragas e flutuações nos preços dos produtos.
O cooperativismo é o instrumento mais adequado para proporcionar aos agricultores familiares condições de superar os obstáculos às suas operações e propiciar seu progresso econômico e social. No Brasil temos diversos exemplos de cooperativas que congregam bons e eficientes pequenos agricultores.
Em resumo, é sem dúvida alguma, saudável dispor de uma classe média rural fundada no trabalho das famílias de agricultores, portadoras de tradição produtiva. É importante mantê-las no campo, reduzindo as pressões de migração para os grandes centros urbanos. Para tanto é preciso proporcionar a esses núcleos familiares oportunidades de prosperidade e melhoria na qualidade de vida.