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Obesidade cresce no Brasil no sentido inversos ao consumo de carne suína

<p>Estas são algumas conclusões retiradas do trabalho Obesidade, Saúde e Carne Suína, do endocrinologista Alfredo Halpern.</p>

Redação SI (14/06/06)- A epidemia de obesidade que assola o Brasil avança no sentido contrário ao da participação da carne suína na cesta de produtos consumidos pelo brasileiro. A doença da obesidade produz um impacto negativo sobre o quadro nutricional vigente no país ainda maior do que os danos provocados pela deficiência alimentar. Ou seja: um país estigmatizado pelo problema da fome enfrenta agora primordialmente o drama da obesidade.

Estas são algumas conclusões retiradas do trabalho Obesidade, Saúde e Carne Suína, do endocrinologista Alfredo Halpern, numa das quatro monografias produzidas pelo Conselho Médico da ABCS e que circularam na edição do bimestre da Revista da Associação Médica Brasileira. Halpern, a convite da ABCS apresentou um resumo de seu trabalho durante o II Congresso Brasileiro de Gastronomia e Nutrição, realizado no mês de maio, em São Paulo.

O relato de Alfredo Halpern demonstra que o aumento de incidência de indivíduos com sobrepeso ou obesidade tem ocorrido no país, nos últimos 30 anos, acompanha o decréscimo do consumo de carne suína. O médico usa dados da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) para mostrar que a produção cresceu aproximadamente 15 por cento entre 2000 e 2005. Neste mesmo período, as exportações brasileiras praticamente quintuplicaram e a disponibilidade interna, com algumas oscilações no decorrer do período, caiu aproximadamente 7,5 por cento. Isto caracteriza o crescimento da suinocultura nacional na direção do mercado externo, enquanto o consumo per capita mantêm-se estagnado em torno de 11 a 12 kg por habitante/ano.

Outros elementos de referência utilizados pelo endocrinologista mostram que paralelamente à redução do consumo interno de carne suína houve aumento do consumo de carne de frango (de 29,1 kg/habitante por ano, em 1999, para 34,2 kg/habitante por ano, em 2004) e um consumo estável de carne bovina (35,4 kg/habitante/ano em 1999, e 35,9 kg/habitante/ano em 2004).

Os médicos que compõem o Conselho da ABCS são unânimes em condenar o consumo excessivo de gordura animal. Nesse sentido, destacam a importância do conhecimento específico das características nutricionais dos alimentos, sem usar a lente do preconceito, destaca o médico Alfredo Halpern. No Congresso de Gastronomia e Nutrição, a apresentação de Halpern foi antecedida pela palestra da química Neura Bragagnollo, da Unicamp, que fez uma radiografia nutricional das proteínas de origem animal disponíveis no mercado brasileiro. Bagagnollo reafirmou os dados do seu trabalho recentemente, através de nova metodologia, reiterando as conclusões segundo as quais os teores de colesterol são mais elevados no peito de frango do que na mesma quantidade de carne de lombo suíno.