A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) vai publicar um manifesto nesta segunda-feira com o posicionamento do cooperativismo sobre a sustentabilidade do planeta. O documento apresenta cinco princípios norteadores do setor para o tema e enaltece a cooperação ambiental como estratégia para deter o avanço do aquecimento global.
A posição será reforçada em um painel na COP26 na sexta-feira. A OCB também vai lançar um site para exibir cases de sucesso na área da sustentabilidade de cooperativas agropecuárias e de crédito do país. A entidade diz que enxerga no Brasil “a vocação de ser protagonista na construção de uma economia de baixo carbono”, mas cobra mais apoio ao modelo cooperativista.
Mercado de carbono
No manifesto, antecipado ao Valor, as cooperativas defendem a regulamentação do mercado internacional de carbono como forma de valorizar modelos produtivos de baixa emissão e a captura de poluentes, além de viabilizar o acesso facilitado a recursos para projetos ambientais. A carta reforça a posição favorável ao “combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal” no Brasil e conclama outras nações a ajudarem no controle das ilegalidades na Amazônia e demais biomas.
O documento defende a regulamentação de leis sobre a adoção de medidas de proteção e preservação do ambiente, como o pagamento por serviços ambientais, e cobra incentivos à produção de energia renovável pelos produtores rurais. O papel do Brasil na produção e fornecimento de alimentos é outro princípio norteador das cooperativas na COP26. “Acabar com a fome, proporcionar acesso a alimentos seguros e nutritivos, além da garantia e disponibilidade de alimentos, são os pilares direcionadores do nosso movimento”.
Políticas públicas
A OCB pleiteia políticas públicas adequadas de fomento ao cooperativismo como arranjo produtivo sustentável e programas de incentivo aos modelos de negócios que valorizem a economia verde. O texto diz, ainda, que o sistema cooperativista colabora ativamente para que o país fique mais perto de cumprir as metas do Acordo de Paris.
“O cooperativismo é um modelo econômico sustentável, ambientalmente responsável e socialmente justo, capaz de proporcionar inclusão produtiva, economia de escala, geração de renda e desenvolvimento regional e local”, diz o manifesto.
Exemplos sustentáveis
A OCB vai mostrar os projetos sustentáveis de algumas cooperativas brasileiras na COP26 e no site que entrará no ar logo mais (www.cooperacaoambiental.coop.br).Um deles é da Lar Cooperativa Agroindustrial, do Paraná, que promove a recuperação de nascentes nos municípios em que atua com o plantio de mudas nativas.
Já a Cooperativa Agropecuária de São Gabriel do Oeste (Cooasgo), do Mato Grosso do Sul, gera energia limpa e biofertilizantes a partir do metano emitido pelos suínos nas granjas. Já foi mitigada a emissão de 195 milhões de metros cúbicos de gás poluente e produzidas 2,45 milhões de toneladas de adubos biológicos.
Outro exemplo é da Cooperativa Agroextrativista do Mapiá e Médio Purus (Cooperar) que desenvolve ações de cidadania em áreas ribeirinhas no interior do estado do Amazonas, contribuindo para a preservação da floresta amazônica e para a melhoria da qualidade de vida das famílias cooperadas. A produção de cacau silvestre triplicou durante o projeto, para 12 toneladas.
Já a cooperativa de crédito Cresol, em Goiás, ajuda a promover a produção sustentável de soja por meio da certificação de pequenos agricultores em critérios de sustentabilidade. Já foram repassados quase R$ 900 mil em prêmios aos agricultores, com incremento médio anual de mais de R$ 13,4 mil na renda das famílias cooperadas.