A Aprosoja/MS – Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul apresentou os resultados de um estudo sobre oferta e demanda dos grãos produzidos no estado na safra 2019/2020 e identificou uma produção superior à demanda. O estudo contou com o suporte técnico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) e levaram em considerações dados gerados pelo SigaMS, IBGE, Abimilho e do Ministério de Desenvolvimento e Comércio Exterior.
O estudo verificou que a demanda de soja na safra 2019/2020 foi de 11,2 milhões de toneladas, enquanto a oferta superou a demanda em 600 mil toneladas, possibilitando o atendimento de mercados internos e externos.
Do total demandado, 78,64% foram destinados para exportação, enquanto o consumo foi de 21,36%, em 2019/2020. De todo volume exportado, 54% (4.795,78 mil toneladas) foi escoado para outros países e 46% (4.017,09 mil toneladas) para outros estados.
“O escoamento interestadual reduz a industrialização no Mato Grosso do Sul e eleva o preço interno de produtos com maior valor agregado à base de soja. Apesar do mercado internacional atrair grande parte dos vendedores dos grãos, pelo elevado preço pago mediante um real desvalorizado, também reduz o desenvolvimento do segundo setor e o volume disponível para consumo interno”, explica a economista da Aprosoja/MS, Renata Farias.
A oferta de milho na safra passada foi recorde, equivalente a 13,8 milhões de toneladas, e a demanda registrada foi de 10,38 milhões de toneladas, consolidando mais uma oferta superior à demanda local e de outros estados e países.
As exportações interestaduais somam a maior fatia da demanda do cereal sul-mato-grossense. Do total exportado, cerca de 77,54% tiveram como destino estados como: Paraná, Santa Catarina e o município de Campinas. Essas regiões apresentam fortes polos industriais, sendo ocupadas por cooperativas, cerealistas, tradings e indústrias.
Já o consumo, constituído pela demanda industrial, humano, animal sementes e perdas, somou 17,8% na safra 2019/20. Desse total o consumo animal é o maior representante, correspondendo a 84,9% do consumo/esmagamento. Dois setores que merecem destaque: a avicultura e suinocultura, que demandaram 46,8% e 38,9%, respectivamente, em 2019/2020.
Sobre o trabalho desenvolvido, o departamento econômico da Aprosoja/MS lembra que a demanda identifica a quantidade de soja e milho que o mercado está disposto a obter por um período. Ela corresponde ao consumo interno e/ou esmagamento do grão, somado ao volume de exportação destinado ao mercado externo. E a quantidade demandada depende de fatores como preço do bem e expectativa quanto ao preço futuro.
Já a oferta identifica a quantidade disponibilizada dos grãos para o consumidor, por um período. A oferta corresponde a soma do estoque inicial, da produção e da importação. Essa quantidade ofertada depende de variáveis como preço do bem, tecnologia, preço dos fatores de produção e expectativa de mercado.
Segundo o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi, há desafios para as próximas safras. “Nosso desafio agora é incentiva a industrialização e fomentar a internalização dos grãos, de forma que possamos promover maior processamento no estado, para que a produção fique aqui. É o produtor agindo na produção e tentando verticalizar o processo, vendendo produtos mais acabados e agregando valor. Tudo isso no sistema cooperativista, onde cada um faz o que sabe fazer melhor: produtores incrementando a produção e as indústrias processando o produto para agregar valor,” finaliza o presidente.