Redação SI (21/05/07) – O reconhecimento internacional de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação, que deve ocorrer esta semana pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), vai levar ao estado investimentos da ordem de US$ 1 bilhão, dobrando a capacidade de abate de suínos. O estado será o único no Brasil com o novo status. A extinção da doença permite a abertura de novos mercados, como do Japão, Coréia do Sul, Europa, México e o Chile, que pagam até 40% mais pelo produto. Há quem acredite que o Brasil possa subir no ranking da exportação mundial de suínos, onde ocupa a quarta colocação. A bovinocultura também se beneficia. A estimativa é que o estado passe a exportar gado vivo para a Itália.
"Santa Catarina pode receber um boom de investimentos. O mercado vai crescer muito", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). A Sadia é uma das empresas que pretende investir. Felipe Luz, diretor de Relações Institucionais da empresa, diz que todas as indústrias do estado – com exceção da Aurora – vão fazer novas fábricas, em dois anos, para atender às exigências dos novos mercados.
A empresa tem uma unidade em Concórdia, com abate de 5 mil suínos por dia. Luz diz que a nova planta deve ser no mesmo município ou região, para a produção de carne in natura. A capacidade instalada dependerá de estudo de mercado. Em três meses a Sadia define os valores e a localização. A construção será em 2008. "Trabalhamos com isso há mais de 10 anos. Já temos contatos com o Japão", afirma.
"O grosso do mercado internacional a gente não tem acesso. Com o novo status, abrimos esta possibilidade", diz Camargo Neto. Segundo ele, o primeiro mercado a ser aberto é o Chile, pois já foi enviada missão àquele país. A possibilidade é de que ainda neste ano o Brasil possa comercializar carne suína com o Chile. Entre os novos compradores, União Européia e Japão serão os próximos – uma missão japonesa vem ao Brasil no segundo semestre. Mas o presidente da Abipecs acredita em formalização de um acordo sanitário em 2008.
"É provável que a Rússia se influencie e suspenda o embargo", diz José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP, referindo-se às restrições impostas a partir do foco de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, em 2005. "Apenas na carne bovina talvez não ocorra ganho substancial porque a produção de Santa Catarina é pequena", acredita Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agroeconômica. O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Antonio Camardelli, diz que o maior benefício é tirar o foco da "fragilidade brasileira". "Abre caminho para outros estados, que estão prontos, também pararem de vacinar", afirma. O analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, lembra no entanto, que o novo status não significa que os países vão querer comprar do Brasil.
Neila Baldi
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