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Entidades

Os novos desafios da ACCS

Losivânio de Lorenzi assume a presidência da entidade catarinense e deve continuar o trabalho de organização da ACCS, em busca de maior rentabilidade ao suinocultor e interatividade com outras associações.

Foram sete anos na vice-presidência da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) [desde 2003]. Mas, a partir da próxima sexta-feira (23/07), o suinocultor Losivânio de Lorenzi assume a presidência da entidade, até então, ocupada por Wolmir de Souza. 

Souza agora passará a se dedicar exclusivamente ao Instituto Nacional da Carne Suína (INCS), e Lorenzi abraçará o desafio de representar a suinocultura catarinense nos próximos anos.

Conversando com Suinocultura Industrial, Lorenzi destacou as mudanças na gestão da ACCS nos últimos anos. Melhor organizada, a entidade conquistou a confiança do criador de suínos de Santa Catarina. “Agora, com a estrutura organizada, poderemos lutar pelo que realmente importa para o suinocultor – aumentar a rentabilidade de sua produção”. 

Lorenzi focará sua gestão em três pilares: mais organização, rentabilidade e unificação. Leia a entrevista a seguir: 

Suinocultura Industrial- Desde 2003, o senhor divide a liderança da ACCS com Wolmir de Souza. Qual a avaliação que pode ser feita do trabalho da entidade durante estes sete anos? 

Losivânio de Lorenzi- Em 2003, a suinocultura catarinense enfrentava uma forte crise. Ao assumirmos a ACCS, tínhamos em foco a organização da entidade. Quando falamos em melhorias, todos falam apenas em querer ganhar dinheiro, mas, sem organização, não há como lutar em prol de causas conjuntas.
Com muito esforço, dobramos o número de núcleos municipais, melhorando a participação do suinocultor junto à associação. Criamos um canal de comunicação direto com o suinocultor através de um 0800, para que o produtor de qualquer local do Estado pudesse receber orientações e ajuda. Além disso, também atuamos junto ao governo para colocar a carne suína na merenda escolar, para obter isenção de impostos como o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] e para ajudar o produtor a exportar sua produção para outros Estados. Fizemos campanhas de marketing em SC, incentivando o consumo da carne suína e fizermos parcerias com frigoríficos, que nos ajudaram com promoções da carne, com o objetivo de acabar com excedentes de produção.
Enfim, atuamos fortemente em prol do setor catarinense, embora ainda não tenhamos conseguido um aumento significativo da renda do suinocultor. 

SI- A ACCS também focou trabalhos no tratamento de dejetos suínos… 

Losivânio- Sim,  é verdade. Durante as discussões do Termos de Adequação de Conduta (TAC), conseguimos promover diversos encontros entre os suinocultores e representantes da indústria. O TAC exigiu a instalação de mecanismos para o tratamento dos dejetos suínos, e os mesmos, ficariam apenas sob responsabilidade do suinocultor. Porém, conseguimos reverter a situação para que a industria fosse parceira para investir no meio rural e o produtor poderia pagar com produção. Este foi um grande avanço da suinocultura em prol do meio ambiente. A industria pagou 33% dos investimentos. 

SI- Qual a situação atual da suinocultura de Santa Catarina? 

Losivânio- Hoje a suinocultura de Santa Catarina passa por um divisor de águas. Se você colocar o suinocultor, a agroindústria, o mercado, a exportação e a produção em uma balança, nós verificamos uma situação estável há alguns anos. A produtividade cresce, mas a renda permanece estabilizada.
Nosso maior problema ainda são as “promessas”. Temos um Estado diferenciado, com o status sanitário mais elevado do País, mas ainda não colhemos os frutos de tal benfeitoria. Não aconteceram as tão almejadas abertura de mercado para a carne suína catarinense.
A certificação de estado livre de aftosa sem vacinação ainda não abriu mercados na Ásia ou Europa. É estranho porque o Estado fez tudo o que foi pedido.
Eu acho que eles não devem ter demanda para tanto consumo, apesar de promessas, ou até mesmo por questões financeiras. Acho que a crise não passou para os países que poderiam iniciar as importações de nosso produto. Há uma falta de dinheiro no mercado. Todas as missões que saem do Brasil, inclusive com representantes da iniciativa privada, acabam frustradas. Esperamos reverter isso. 

SI- E a situação no mercado interno? 

Losivânio- Atualmente a oferta e a procura estão bem ajustadas internamente, os preços estão estabilizados. Qualquer ação que pudesse incrementar as exportações catarinenses com certeza dariam um impulso ao preço pago ao produtor no mercado interno.
Nós somos telespectadores da situação. Nós cobramos, fazemos parceria de trabalhos, buscando que o produtor sempre melhore sua propriedade, mas, ações federais são necessárias para a abertura efetiva de mercados. 

SI- Quais são os seus principais objetivos agora, assumindo a presidência da entidade pela primeira vez?

Losivânio- Vejo três pilares fundamentais. Um é continuar o trabalho de organização da entidade, para crescermos e ficarmos mais fortes. Desta forma, o suinocultor vai confiar e vai colaborar com a associação. Ele vai ouvir o que a ACCS tem a dizer sobre os mais variados gargalos.
Em segundo vem a remuneração. Com organização, conseguiremos lutar mais por melhor remuneração.
E em terceiro, eu vejo que temos quee unificar mais as associações estaduais. Não vejo desacordo, mas acho que um trabalho mais conciso junto à ABCS pode contribuir e muito para o setor suinícola nacional.  Políticas públicas conjuntas podem ajudar o crescimento da suinocultura.
Acho que podemos unificar os órgãos de defesa do produtor rural, para todos atuarem em conjunto. Dividir forças não é interessante.
A hora que o agronegócio busca alguma melhoria, ora no setor de grãos, ora no setor de carnes, é necessária a unificação de forças para buscar a melhor saída. O produtor precisa de qualidade de vida e remuneração justa.