Apesar de todos os esforços do campo, fábrica de rações e granjas, as micotoxinas ainda causam prejuízos na produção animal, demandando tempo e atenção dos profissionais do setor, que buscam minimizar o impacto dessas toxinas na alimentação animal. Algumas variedades de micotoxinas são mais nocivas que outras, fator que depende da concentração, espécie e a fase do animal. As micotoxinas DON (Desoxinivalenol) são mais prejudiciais para suínos, por outro lado, a Aflatoxina é uma das que causa grande debilidade nos lotes de aves. Entenda a seguir como a aflatoxina influencia de forma negativa na produção avícola.
Entendendo a toxina
Aflatoxina é o nome comum das toxinas produzidas pela espécie de fungos do gênero Aspergillus, sendo que os fungos mais comuns são o Aspergillus flavus e o Aspergillus parasiticus (Santurio, 2000).
Essa toxina possui rápida absorção no intestino delgado dos animais, o que a torna extremamente tóxica, ou seja, uma das micotoxinas mais potentes encontradas. A descoberta dessa aflatoxina, ocorreu no ano de 1960, após surto com alta letalidade em perus na Inglaterra, conhecida como turkey-x-disease. Nessa ocasião morreram milhares de aves após o consumo de torta de amendoim, adicionada na ração. A matéria-prima, no caso o amendoim, estava contaminada por micotoxinas, originárias do Brasil (Sargeant et al., 1961).
A aflatoxina absorvida é ligada de forma irreversível à albumina e, em menor escala, com outras proteínas. Na figura a seguir as aflatoxinas são biotransformadas no sistema microssomal hepático em metabólitos extremamente tóxicos, no caso das aflatoxinas B2a e 2,3-epoxido. Os metabólitos têm capacidade de se unir de forma covalente com constituintes intracelulares, contendo DNA e RNA, além de mudar a síntese de proteína no tecido hepático (SANTURIO, 2000).
Essa união de aflatoxina com proteínas geram o mau funcionamento do fígado, causando uma intensa alteração nas propriedades funcionais e na síntese de proteínas das aves. Um dos primeiros sinais clínicos causados pelas aflatoxinas são as alterações no tamanhos na coloração e na textura dos órgãos internos, além de reduzir o ganho de peso diário, consequentemente, ocasionando a morte das aves.
O que regem os órgãos regulatórios sobre os níveis de contaminação
Devido a sua problemática nos lotes de frangos, foram definidos alguns parâmetros que tornam aceitáveis alguns níveis dessa contaminação na ração. Porém, ainda é contraditório em alguns pontos, visto que o LAMIC (Laboratório de Análises Micotoxicológicas) aponta que:
· Na fase inicial da criação de frango de corte não é aceitável aflatoxinas pelas aves;
· Na fase de crescimento os níveis aceitáveis são de 2 ppb (parte por bilhão);
· Na fase final os limites são de 5 ppb;
· Para matrizes e poedeiras 10 ppb são níveis que não acarretam grandes perdas para o rendimento animal.
Por outro lado, a legislação da União Europeia nº 178/2010, utiliza a recomendação dos níveis de aflatoxinas B1 de até 20 ppb para rações de suínos e aves, exceto animais jovens. Essa recomendação é a mesma citada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), resolução 183 de 21/03/96. Sendo desses 20 ppb, a soma das aflatoxinas B1 + B2 + G1 + G2. Para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), foi publicado no diário Oficial da União a resolução nº 7, de 18 de fevereiro de 2011, os limites aceitáveis de aflatoxinas (B1, B2, G1, G2), que são de 20 μg/kg para milho, milho grão (inteiro, amassado, moído, partido), farinhas ou sêmolas de milho.
Incidência de aflatoxina nos alimentos
As aflatoxinas são amplamente encontradas em matérias-primas nas fábricas de rações, ou seja, acabam contaminando a ração dos animais posteriormente. São encontradas principalmente nos cereais, como o milho, e possuem forte capacidade de levar a quadros clínicos agudos ou crônicos de aflatoxicose nos animais.
Na produção avícola, as aflatoxinas possuem influência negativa e seus efeitos atingem os parâmetros zootécnicos como:
· Ganho de peso
· Ingestão de ração
· Conversão alimentar
· Mortalidade
· Índice de eficiência produtiva
É, portanto, necessário realizar aplicações de métodos que auxiliem nesse controle, sejam eles na colheita, armazenagem, recebimento ou utilização na fábrica.
Um desses métodos é a utilização de antifúngicos para o controle das matérias-primas ou do alimento pronto. Os ácidos orgânicos também possuem alta eficácia contra o gênero Aspergillus, responsável pela produção das aflatoxinas B1, B2 e Ocratoxinas. A linha Fungtech tem na sua composição ácidos orgânicos e sais de ácidos na forma livre, que propiciam ação de contato imediato para controle de microrganismos na matéria-prima ou alimento pronto. Dentre os compostos da linha antifúngica, destacam-se também o ácido sórbico e ácido propiônico, os quais possuem alta atividade antifúngica e efeito sinérgico com os demais ingredientes da fórmula, além de proporcionar melhor biosseguridade da ração, mesmo em situação de umidade elevada.
Mesmo diante de todo o esforço para controlar esse inimigo, ainda não foi encontrada uma estratégia totalmente efetiva contra a aflatoxina, exigindo esforços e medidas de controle integradas para minimizar a incidência e efeitos negativos dessa contaminação. Por isso, a prevenção ainda é a medida mais adequada para seu controle.
Por Caroline Facchi, engenheira agrônoma, mestre em Sanidade e Produção Animal e doutoranda em Ciência Animal (monogástricos). Pesquisadora na BTA Aditivos.