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Codorna

Ovos prontos para consumo

Granjas mineiras apostam nos ovos de codorna já prontos e descascados. Empresas investem no processamento dos ovos.

Foto Didi Rodrigues/Especial para o EM. 31/01/2008. Lavras, MG. ( Criacao Codornas ). Galpao de criacao de codornia
Foto Didi Rodrigues/Especial para o EM. 31/01/2008. Lavras, MG. ( Criacao Codornas ). Galpao de criacao de codornia

As cerca de 58 mil dúzias de ovos de codorna produzidas diariamente em Minas Gerais estão ganhando uma outra destinação que não apenas a venda in natura, que consagrou o estado como um dos três maiores do País na atividade. As tradicionais granjas mineiras, localizadas na Região Sul, estão investindo pesado no beneficiamento do produto para atender um mercado cada vez mais amplo e exigente. Além da usual compra das caixas nos supermercados, as pessoas estão buscando, cada vez com mais frequência, os ovinhos nas gôndolas de petiscos, conservados em compotas, devidamente descascados, refrigerados e prontos para o consumo imediato.

É nessa mudança de hábito que o Aviário Santo Antônio (Asa), um dos mais antigos do estado com sede em Nepomuceno, está apostando para entrar em um segmento ainda desconhecido. “No fim do ano que vem fica pronta a indústria que estamos construindo para processamento dos ovos. A demanda por esse tipo de produto tem crescido muito e é uma forma de dar fôlego para o mercado”, avalia André Paixão, diretor-comercial da empresa. Com um plantel de 350 mil aves, o aviário produz diariamente cerca de 180 mil ovos e pretende, quando inaugurada a fábrica, processar 40% desse volume. “O ritmo de produção vai depender do mercado. Mas vamos continuar vendendo in natura inclusive com a ampliação, em cerca de 10% a 20%, do número de codornas”, acrescenta. Hoje, grande parte do que sai do Asa, vai direto para a Granja Loureiro, em Perdões.

Desde 2003, a Granja Loureiro atua no processamento de ovos. Naquela época já se via motivada pela demanda crescente do produto. “Produzimos mensalmente em torno de 35 mil a 40 mil quilos, com uma postura diária de 170 mil ovos das nossas 200 mil aves. Mais de 90% desse volume é comercializado aqui mesmo em Minas e estamos começando a entrar em outros estados”, afirma Sérgio Pereira Gomide, sócio da granja.

Para a Granja Naju Alimentos, em Itanhandu, com postura atual de 100 mil aves, a lucratividade do negócio iniciado em junho de 2008 já é evidente. “Conseguimos no mês passado uma margem de lucro 12% maior na indústria do que no mercado in natura e acredito que esses números possam ser melhores daqui para frente”, avalia Evandro Ribeiro de Carvalho, dono da empresa. Ele faz os cálculos do negócio: hoje, em um momento de alta do mercado em consequência da demanda de fim de ano, uma caixa com 600 ovos é vendida para um supermercado por cerca de R$ 32 já embalada em estojo de PVC e R$ 26 sem embalagem. Em período de baixa do mercado, esses valores podem cair para R$ 26 e R$ 20, respectivamente. Cada caixa pode render até 5,5 quilos de ovos processados, sendo cada quilo vendido por cerca de R$ 6,50 no mercado.

Não é à toa que 80% dos 170 mil ovos produzidos por dia (83 mil próprios e os demais adquiridos de outras granjas) já são processados e apenas 20% comercializados com casca. A expectativa até 2011 é focar somente nesse novo negócio. “Estamos ampliando a indústria e construindo dois aviários com capacidade para 50 mil aves cada, que ficarão prontos no fim de 2010. Em 2011, a expectativa é de que cheguem a 300 mil aves”, planeja.

A boa aceitação dos ovinhos em conserva está aproximando o produto da mesa do brasileiro. “Esse mercado é muito bom e vem crescendo nos últimos anos. A venda de ovos in natura tem seu mercado, porém, os ovos em conserva são bem aceitos e são usados como prato normal dos bufês em todas as churrascarias, restaurantes self-service e até nos famosos botecos”, afirma o coordenador geral do Núcleo de Estudos em Ciência e Tecnologia Avícola (Necta) , ligado à Universidade Federal de Lavras, Antônio Gilberto Bertechini.

“A expectativa é de que neste fim de ano, com as festas, a procura seja mais intensa. É uma fatia de mercado interessante, já que cria uma facilidade para o consumidor que não terá mais que descascar os ovos”, avalia João Ricardo Albanez, superintendente de economia agrícola da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais.