Que os gaúchos são os mais carnívoros do país já não é novidade, mas os paulistanos não ficam muito atrás. O consumo de carne vermelha cresceu e os moradores de São Paulo consomem uma vez e meia a quantidade indicada por semana. O consumo per capita de carne no estado (57 kg/ano ) é maior do que na Argentina (56 kg/ano), famosa por seus churrascos.
O Diário SP conversou com um especialista no setor, uma nutricionista e um amante do bom e tradicional rodízio para explicar como a capital virou uma referência gastronômica quando o assunto é churrasco.
Segundo a nutricionista Aline Martins, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP, em 2003 o paulistano comia uma média de 136 gramas de carne por dia. Cinco anos mais tarde, a média de consumo diário de carne do morador da cidade subiu para 163 gramas, sendo 121 gramas só de carne vermelha, o que, ao longo de uma semana, dá 847 gramas apenas desse tipo de carne. Esse valor é 1,6 vezes maior do que a quantidade de 500 gramas por semana recomendada. “Vejo basicamente dois motivos principais para o aumento no consumo. O poder aquisitivo do brasileiro aumentou e, além disso, o preço da carne de aves e da carne processada diminuiu”, afirma a pesquisadora.
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O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de São Paulo, Manuel Henrique Farias Ramos, afirma que os paulistanos têm vários motivos para se orgulhar das 500 churrascarias da cidade. “Na verdade, o paulistano não tem o histórico forte do churrasco como o gaúcho dos pampas, mas o rodízio de carne foi inventado em São Paulo e só depois foi levado ao Rio Grande do Sul”, afirma.
As churrascarias de São Paulo também são conhecidas internacionalmente. “Ficamos ao lado do Anhembi e, como sempre há eventos, recebemos muitos estrangeiros”, diz Joaquim Soares, gerente da Churrascaria Anhembi, na Zona Norte da capital.
Consumo é importante na alimentação – A nutricionista Aline Martins também concluiu em sua pesquisa que cerca de 75% dos paulistanos comem mais carne do que é recomendado. Apesar disso, a autora da pesquisa faz questão de ressaltar que é importante ter variados tipos desse gênero de alimento na dieta.
“A carne é fonte de diversos nutrientes e bastante importante na nossa alimentação, mas é preciso prestar atenção no consumo excessivo de carnes vermelha e processada, que podem causar alguns tipos de doenças”, afirma.
Em relação ao gosto do morador da capital, a pesquisadora não tem dúvida. “No levantamento, 99% dos moradores de São Paulo relataram consumir algum tipo de carne.”
Entrevista com Robert Conte, diretor administrativo
Como surgiu seu gosto por churrasco?
ROBERT CONTE_ É uma tradição na família. Meu pai, meus tios e meus irmãos sempre gostaram muito de churrasco. O rodízio de carnes é muito gostoso. Vou pelo menos uma vez por semana com os colegas de trabalho e outras duas vezes por mês com a minha mulher e minha filha.
– Dá até para convidar quem não gosta muito de carne?
Na minha opinião, sim. Por exemplo, a minha esposa não gosta tanto de carne, mas normalmente tem uma opção bastante grande de saladas, tem camarão e sushi. A pessoa realmente só fica sem comer se não está com fome. Por isso, quando tenho almoço marcado com clientes, normalmente, escolho uma churrascaria porque assim a chance de você errar é menor. Há muitas opções.
– A sua filha seguiu o seu gosto ou o da sua mulher?
Com certeza foi o meu. Ela tem só 2 anos e 10 meses e já come um pouquinho quando a gente a traz.
– De qual carne você mais gosta?
Depende do lugar. Aqui nessa churrascaria eu gosto mais do carré.
