Estudo inédito conduzido por pesquisador do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, possibilitou o sequenciamento do primeiro genoma completo do vírus da laringotraqueíte infecciosa das galinhas (VLTI) no Brasil. A pesquisa de vigilância epidemiológica conduzida pelo pesquisador do IB, Renato Luis Luciano, é importante para o desenvolvimento de novos estudos na área, além de avaliar a circulação do VLTI no estado de São Paulo, contribuindo para auxiliar as ações da defesa agropecuária do Brasil, que é o maior exportador e o terceiro maior produtor mundial de carne de frango.
A pesquisa foi conduzida no âmbito do doutorado de Luciano na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) (https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10134/tde-23032021-101706/en.php) e contou com contribuição do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), além de financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
De acordo com o pesquisador do IB, a partir da análise de suabes traqueais de galinhas de postura, coletadas pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), foi possível obter o genoma completo de uma amostra do VLTI. Esta amostra, coletada em 2010, foi caracterizada como uma “estirpe de campo virulenta” proveniente de uma granja de postura comercial localizada no município de Guatapará.
“Bastos e Guatapará são as principais regiões produtoras de ovos comerciais do estado de São Paulo. As duas cidades já tiveram surto de laringotraqueíte anos atrás, o que gerou grandes prejuízos para o setor. Essa doença causa mortalidade dos animais e reduz drasticamente a produção”, afirma o pesquisador do IB.
Luciano explica que na atualidade, os produtores utilizam vacinas recombinantes para o controle da laringotraqueíte e, neste caso, ao se detectar o VLTI é necessário diferenciá-lo entre uma estirpe de campo ou uma estirpe vacinal, uma vez que já foram utilizadas vacinas vivas atenuadas anteriormente. “Nosso estudo concluiu que a amostra analisada não se agrupou com as sequências relacionadas às vacinas vivas atenuadas. Ao comparar a sequência do genoma completo obtida com as demais sequências de genoma completo disponíveis no mundo, houve uma identidade de 99,90% com uma estirpe de campo virulenta originária da Rússia”, explica o pesquisador.
A partir do sequenciamento completo do genoma será possível estudar melhor a doença para identificar sua origem, abrindo novas fronteiras de estudos na área. “O sequenciamento tradicional de um vírus é como se fosse parte de uma estrada. Com o genoma completo, obtivemos toda a rodovia. Isso nos traz algumas respostas sobre o que estamos estudando, como a estirpe do vírus ser selvagem, nesse caso, e abre diversas perguntas, que serão respondidas com novos estudos”, afirma Luciano.
O pesquisador do IB continuará sua investigação em um pós-doutorado nos Estados Unidos para tentar elucidar mais informações sobre a doença.