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Pescoço empinado

De cuidados básicos e baixo custo, a criação de gansos serve tanto para ornamentar como para vigília e corte.

Redação AI 20/08/2004 – Uma grande família é assim: diferentes comportamentos e muitas semelhanças físicas. Há até confusão para distinguir tanta gente parecida. No caso dos gansos, a situação se repete. Parentes dos patos, cisnes e marrecos, a espécie tem ainda muitos primos e irmãos. A alusão pode até parecer brincadeira, mas existem várias raças de gansos espalhadas pelo país com diferentes tamanhos e cores. São criados para ornamentação, vigilância, corte, industrialização de penas e, até mesmo, por estimação.

Os animais vivem em fazendas, sítios ou chácaras, onde podem ser encontrados pastando, como os bois, e engrossando o plantel de muitos criadores de aves. É assim no sítio do economista e administrador de empresas Gilberto Guedes da Cunha Filho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo Guedes, o gosto por aves é uma tradição de família. “Comecei com pombos-correio ainda na adolescência. Os gansos vieram depois, mas já fazem parte da minha criação de aves há 25 anos.”

CURIOSIDADES DA ESPÉCIE

– As penas têm boa aceitação e chegam a alcançar bons preços desde que tiradas a seco e com cuidado.
– Já os gansos reprodutores devem nadar para evitar que engordem muito. O excesso de peso pode prejudicar a fertilidade. 
–  Só devem ser empregadas na reprodução aves de raças puras. 
–  As gansas em geral põem um ovo a cada dois dias e sua postura atinge 20 a 60 ovos por ano, de acordo com a raça. 
– As raças consideradas mais econômicas são a Toulouse, Embden e o ganso chinês.
– Como ornamentais destacam-se o ganso do Egito, o gravata e o frisado. 
–  No Brasil, os mais espalhados são os gansos comuns.


O administrador tem, atualmente, cerca de 50 gansos chineses, africanos e do Nilo. Todos de raças consideradas ornamentais. “Os chineses e africanos são também chamados de sinaleiros porque fazem bastante barulho. E, aqui no sítio, queremos esta movimentação até por uma questão de segurança. Mas há também questão de estima”, explica.

Herbívoros, os gansos se alimentam de milho ou ração e podem comer frutas e até legumes. Uma manutenção nada dispendiosa, conforme explica a bióloga Ângela Faggioli. “A raça mais encontrada no país, a de gansos comuns, por exemplo, exige poucos cuidados, como área gramada para pastar e pequeno tanque para o nado, já que eles não ficam o tempo todo na água”, diz.

Embora a criação de Guedes seja voltada para a estimação, algumas vezes ele faz negociações. “Procuro manter geralmente o mesmo número de gansos, mas quando nascem filhotes acabo alternando o plantel. Fico com os mais novos ou os seleciono pelo tamanho.” De acordo com o administrador, a comercialização é feita com pequenos criadores de aves ornamentais. “O ganso é um animal barato. A venda mais típica é do terno (duas fêmeas e um macho) ao valor médio de 200 reais. Individualmente, saem a 70 reais.”

Segundo o veterinário da Empresa de Assistência Técnica e Expansão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Dirceu Alves Ferreira, não existe no estado nenhuma criação de ganso com caráter realmente comercial. “Em Minas, eu desconheço. Os gansos são criados como galinhas caipiras ou junto com outras aves”, diz.

O sistema de produção para corte com criatório confinado e tecnificado ainda não foi desenvolvido em Minas Gerais, mas é comum na França e no Sul do Brasil. “A carne do ganso é exótica, logo cara, e atende a um consumidor de maior poder aquisitivo. Também é muito gordurosa e típica de regiões mais frias”, conclui.

RAÇAS MAIS COMUNS DE GANSO

– Toulouse – De origem francesa, produz a carne de melhor qualidade. A cor da plumagem alterna-se entre cinza-claro e cinza-escuro. Também é bastante conhecido pela produção de pasta de fígado.

– Embden – De origem alemã, a raça é a preferida para industrialização de penas, inteiramente brancas. Os olhos são azuis e o pescoço comprido, e sempre em pé. As gansas põem 20 ovos por ano.
– Chinês – Animal muito bonito e elegante também conhecido como ganso-da-china. A raça tem variedades brancas e pardas com bico, pernas e pés alaranjados. Lembra o porte dos cisnes.

– Africano – Resultado do cruzamento do Toulouse com

o chinês. Considerado das mais belas raças, é criado para ornamentação. Cinza-claro com uma risca quase preta desde a cabeça até as espáduas. O bico, uma espécie de chifre grosso e sem ponta, é preto.

Frisado – Ave considerada de luxo por ter toda a plumagem frisada. Gravata ou do Canadá – Branco com o pescoço e cabeça pretos. Possui uma faixa branca no pescoço.

Ganso comum – A raça é a mais criada no interior do Brasil. Da cor do Toulouse, porém menor, mais fino e mais elegante.