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Pesquisa

Pesquisa mostra que micróbios podem impulsionar produção avícola

Cientistas europeus pesquisam a interação entre micróbios e os animais para que se produzam produtos mais eficazes

Pesquisa mostra que micróbios podem impulsionar produção avícola

Um projeto chamado HoloFood, que visa fortalecer as evidências em torno dos micróbios e como eles interagem com os animais, está sendo desenvolvido por cientistas europeus.

Os micróbios, que incluem uma infinidade de bactérias, vírus e fungos, existem há bilhões de anos e vivem em todos os lugares, inclusive nas pessoas e nos animais.

Embora os probióticos, que contêm micróbios, e os prebióticos, que incentivam o crescimento de micróbios nos intestinos dos animais, já sejam usados no setor de alimentos com o objetivo de otimizar a saúde e o crescimento dos animais, há pouco entendimento de como os microrganismos e os animais interagem.

“É inacreditável, mas a maneira como os probióticos e os prebióticos são descobertos é por tentativa e erro”, disse o Dr. Antton Alberdi, professor assistente da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e gerente científico do projeto.

Entendendo melhor a relação entre os micróbios e a ave, eventualmente, as empresas poderiam produzir produtos mais direcionados para melhorar a proporção de músculo para gordura, tornar os animais menos estressados, impedi-los de contrair infecções ou aumentá-los com menos alimentos.

“Trata-se de atender à necessidade de proteína barata de uma maneira ambientalmente responsável”, disse Tom Gilbert, professor de paleogenômica da Universidade de Copenhague, que lidera a HoloFood. “Quanto mais eficiente a conversão de alimentos … menos poluente”, acrescentou.

Os cientistas da Holofood estão estudando micróbios em salmão e frango de criação intensiva, usando tecnologias de sequenciamento de DNA de alto rendimento para analisar amostras de peixe e carne. A ideia é investigar se a genética de galinhas ou salmões afeta a eficácia de um micróbio específico.

Genética

Selecionar a linhagem genética correta do animal pode fazer uma diferença significativa devido ao grande número de animais envolvidos, dizem os cientistas.

Uma única fazenda de salmão na Noruega, onde são realizados os testes de peixes HoloFood, pode incluir 2 milhões de peixes. “Mesmo se você aumentar o tamanho médio (de um peixe) em 100 gramas, é uma enorme diferença financeira”, disse o professor Gilbert.

A pesquisa será útil para muitas pessoas no setor de alimentos – não apenas para os que trabalham com salmão e frangos – afirmam os cientistas da Holofood.

“Se pudermos descobrir que um único gene em uma galinha leva a uma mudança no microbioma, e podermos mostrar como isso acontece, temos um modelo que pode ser aplicado em muitos outros sistemas, seja na saúde humana ou na produção de plantas”, disse Gilbert, referindo-se à composição genética da população de micróbios em um animal.

As técnicas que eles desenvolveram para amostrar, processar e analisar grandes quantidades de dados em seus testes, bem como grande parte dos dados em si, serão úteis para acadêmicos, empresas que desenvolvem prebióticos e probióticos e criadores de animais, disse ele.

Além de tornar a produção de carne mais eficiente, os micróbios também podem ajudar a reduzir o desperdício de alimentos, aumentando o tempo de prateleira e  protegendo plantas e animais de doenças. Na UE, cerca de 88 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados, cerca de 20% do total de alimentos produzidos.

“Estamos analisando micróbios que impedem outros micróbios associados a doenças em plantas e colheitas”, disse Paul Cotter, chefe de biociências alimentares do Teagasc Food Research Centre, na Irlanda.