O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Arthur da Silva Mariante, foi eleito por unanimidade como presidente do Grupo Intergovernamental de Trabalho em Recursos Genéticos Animais para a Alimentação e a Agricultura da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. A decisão foi anunciada no dia 24 de outubro durante a reunião da Comissão Recursos Genéticos para a Alimentação e Agricultura, em Itália, Roma.
O Grupo de Trabalho é criado por delegação da Comissão de Recursos Genéticos para a Alimentação e a Agricultura da FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que se reúne cada dois anos, em anos intercalados com as reuniões da Comissão, que também são bienais.
Segundo Mariante, uma das principais atribuições do GT é definir temas de ação conjunta para direcionar as pesquisas de conservação e uso sustentável de recursos genéticos animais entre os países participantes. Além disso, promove ações conjuntas para otimizar ações, recursos financeiros e humanos em prol dos trabalhos nessa áreas em todas as regiões participantes.
O Grupo de Trabalho é formado por seis regiões, sendo em média cinco países representando cada região. A cada reunião é escolhido um presidente e cinco vice-presidentes, com uma gestão de dois anos. Neste momento, pela América Latina e o Caribe, fazem parte os seguintes países: Argentina, Brasil, Costa Rica, Cuba e Suriname.
Ao falar sobre o fato de a sua escolha como presidente do Grupo ter sido unânime, o pesquisador afirma ter ficado lisonjeado: “a eleição foi por aclamação por parte dos representantes de todas as regiões participantes: América Latina e Caribe, Europa, África, Ásia, América do Norte e Região do sul do Pacífico. Como vice-presidentes, foram selecionados os representantes dos Estados Unidos, Alemanha, Quênia, Mongólia e Ilhas Cook”, ressalta.
Mesmo ciente dos desafios que vai enfrentar nos próximos dois anos, já que tem que congregar interesses comuns de todos os países em prol dos avanços na área de conservação de recursos genéticos animais, Mariante acredita que a experiência adquirida ao longo dos mais de 20 anos de pesquisas na área de conservação de recursos genéticos animais na Embrapa será determinante para os bons resultados que pretende alcançar no GT.
Saiba um pouco mais sobre o trabalho da Embrapa na área de conservação e uso sustentável de recursos genéticos animais
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia investe em pesquisas de conservação e uso sustentável de raças de animais domésticos ameaçadas de extinção desde a década de 80. São raças de bovinos, caprinos, suínos, equinos, ovinos, asininos e bubalinos que estão no Brasil há séculos, muitas desde a época da colonização, e que, por isso, reúnem características de rusticidade e adaptabilidade muito importantes para programas de melhoramento genético.
O trabalho da Embrapa, em parceria com universidades, outras instituições de pesquisa e associações de criadores de todo o país, tem ajudado várias raças locais ou naturalizadas de animais domésticos, como são conhecidas no meio científico, a se livrarem do risco de desaparecimento.
A perda desse material genético seria um prejuízo para a ciência e para a pecuária brasileiras, pois as raças guardam genes de adaptabilidade ao ambiente, resistência a doenças e parasitas, entre outras, com enorme potencial de utilização em programas de melhoramento genético.
A conservação é feita no Campo experimental Fazenda Sucupira, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, onde estão cerca de 200 animais, e em núcleos de criação distribuídos por todas as regiões brasileiras. Além disso, são conservados também na forma de sêmen e embriões congelados e em um banco de DNA mantido na Unidade, em Brasília, DF.