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Eleições ACCS

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Eleito pela quarta vez para a presidência da ACCS, Wolmir de Souza destaca o status sanitário da suinocultura catarinense, a liderança do Estado na produção de suínos e afirma que seu objetivo é presidir a ABCS. Leia entrevista.

Wolmir de Souza, presidente da ACCS.Natural de Arvoredo (SC), Wolmir de Souza dedica-se há mais de 35 anos à suinocultura. Nos últimos seis anos esteve à frente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS). Vai ficar mais dois. Sua reeleição, ratificada em assembléia realizada no dia 08 de maio, em Concórdia (SC), não foi surpresa. Sua experiência é reconhecida pelos produtores do Estado. “Tenho credibilidade junto ao suinocultor porque mostramos um trabalho bem feito e transparente” disse. “Nossa maior conquista foi a aproximação entre o produtor e a entidade. Sempre estivemos unidos para encararmos as dificuldades, mesmo nos piores momentos de crise”, avalia.

Objetividade e clareza são características marcantes em Wolmir de Souza. Ele dispensa modéstia para falar dos diferenciais de Santa Catarina. “Detemos o maior rebanho suinícola do Brasil e somos o único Estado nacional com o status de livre de febre aftosa sem vacinação”, destaca. Entre as principais ações da ACCS sob seu comando, ele destaca a implantação da Bolsa de Suínos e do Código Ambiental Catarinense. “Fica difícil falar de tudo, mas a participação da associação junto ao produtor cresce cada vez mais e tem sido fundamental”.

Pela quarta vez consecutiva presidindo a ACCS, Souza diz que este será seu último mandato. Porém, engana-se quem pensa ser o fim de sua participação no associativismo de classe. Nesta entrevista, bem ao seu estilo, ele deixa claro que seu objetivo é chegar à presidência da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). “Meu objetivo, não como realização pessoal, mas por designação de Santa Catarina, é buscar um espaço dentro da entidade”. A íntegra da entrevista você confere a seguir.

Suinocultura Industrial – Que balanço o senhor faz do trabalho da ACCS nos últimos dois anos?

Wolmir de Souza – O balanço é positivo. Por conta de nossa dedicação, trabalho e participação ativa conseguimos desenvolver muitas ações. Mas, confesso que gostaria de ter colocado em prática alguns projetos interessantíssimos que dariam visibilidade e retorno financeiro ao produtor catarinense. Quando há crise no setor, quando há problemas econômicos, fica difícil realizar grandes projetos. Na verdade, em momentos de crise você fica apenas apagando incêndios.

SI – O senhor falou que, apesar da crise, a ACCS conseguiu desenvolver muitas ações nos últimos dois anos. Quais foram elas?

Souza – Nas questões de mercado, por exemplo, criamos a Bolsa de Suínos, que busca trabalhar o mercado não integrado. Também participamos do projeto de excelência da suinocultura catarinense, que objetiva unir pequenos e médios frigoríficos, produtores e segmentos do setor de nutrição. A discussão do Código Ambiental Catarinense teve participação ativa e decisiva da entidade, pois esta questão envolve diretamente o setor suinícola. Conseguimos a reabertura do Frigorífico Diplomata, que estava com animais represados no campo, através de um projeto fantástico chamado Planilha Aberta que deu visibilidade para associação, para o produtor e para o frigorífico. O Diplomata voltou à ativa, dividindo lucros.

Foram várias ações. Fica difícil enumerar todas, mas a presença da ACCS tem sido fundamental.

SI – O senhor já está a três mandatos à frente da ACCS. Que motivos o levaram a disputar um quarto mandato?

Souza – Este é meu último mandato, quero enfatizar de antemão. Mas, acredito ser oportuno continuar à frente da ACCS para dar continuidade a uma série de pendências. Estamos colhendo os frutos desse trabalho amplo. Tenho gás e vontade de representar os suinocultores. Há muita coisa para fazer e queremos dar continuidade aos nossos projetos. Acredito que representatividade da entidade no setor,  a ausência de uma chapa de oposição, mostra o espaço que conquistamos.

SI – O estatuto da ACCS permite a disputa de quantos mandatos consecutivos?

Souza – Todos os possíveis. Assim como em outras associações brasileiras. O Paulo Tramontini, que me antecedeu, presidiu a ACCS por quase 30 anos. Sou bem novo, poderia continuar por mais uns vinte anos, mas vamos parar por aqui.

SI – Esse novo mandato à frente da ACCS o afasta de uma eventual candidatura à presidência da ABCS?

Souza – Não, muito pelo contrário. Chegar à presidência da ABCS é meu objetivo atual. Não para acumular cargos, mas sim porque entendemos que nesse período à frente da ACCS foi marcado por grandes avanços. O Estado cresceu, crescemos como entidade. Ganhamos as eleições de dois anos atrás com maioria estourada e nesta eleição não houve oposição. Sentimos que os suinocultores catarinenses apóiam o nosso trabalho, mesmo em um cenário de crise que começou com o embargo russo. Nós representamos a maior suinocultura do Brasil, colaboramos com mais de 50% da arrecadação da ABCS, as ações ocorrem primeiro em Santa Catarina [como o Código Ambiental]. Somos o único Estado brasileiro livre de aftosa sem vacinação. Enfim, por isso, agora, meu objetivo, não como realização pessoal, mas por designação de Santa Catarina, é buscar espaço dentro da ABCS.

SI – Em sua opinião quais serão seus principais desafios neste novo mandato na presidência da ACCS?

Souza – Acredito que a questão de mercado envolve um grande desafio. Com nosso status sanitário, temos mais chances nas oportunidades de mercado. Temos que colocar o produtor nesse segmento, fazer com que eles estejam mais próximos e possam desfrutar desse benefício [exportar]. Queremos trazer o ganho, a lucratividade desses mercados ao produtor. Também quero incluir os produtores não-integrados através de pequenas e médias indústrias.

SI – Qual a atual situação da suinocultura em Santa Catarina? Quais as principais dificuldades e desafios?

Souza – Vivemos uma série de pontos positivos. A questão ambiental, que era um problema sério, foi beneficiada com o novo Código e nos dá uma visibilidade maior. O status sanitário nos dá maior visibilidade de mercado, entre outros pontos positivos. Porém, vivemos uma “crise de esperança”. A entidade está sensível aos problemas. Por exemplo, aparece uma crise mundial, nós apanhamos, surge um problema com doenças que começam lá fora, refletem no Brasil. Enfim, o setor está traumatizado e devemos trabalhar nesta questão.

SI – O senhor acredita que a gripe A/H1N1 está interferindo no consumo interno de carne suína? Haverá impacto nas exportações brasileiras?

Souza – Sim, a gripe A/H1N1está interferindo diretamente no consumo interno. Há uma queda de demanda e de preços pagos ao produtor. É difícil falar em número, mas estamos com dificuldades de comercialização de animais e produtos. Mas, acho que as exportações não foram afetadas com o problema.

SI – Como anda o trabalho para a reabertura do mercado russo para a carne suína catarinense? O que a ACCS tem feito para acelerar esse processo?

Souza – Olha, não temos mais o embargo russo. O que esperamos mesmo é a habilitação das plantas de Santa Catarina. O governo russo deve fazer a liberação das agroindústrias em breve. Entendo que este é um processo que envolve questões políticas. Afinal, no mesmo momento em que a Rússia diminui as cotas de importações de países como o Brasil, ela dobra a cota dos EUA. Falta, na verdade, uma política mais ativa. Perdemos espaço porque o Brasil vende a imagem do carnaval, do futebol, das praias, mas não vende a imagem de País agropecuário. Precisamos fazer um marketing político em cima disso. Mas, enfim, como vendemos qualidade, deveremos retomar esse mercado nos próximos dias.

SI – Tendo a crise mundial como pano de fundo, quais são as perspectivas para a suinocultura catarinense em 2009 sob o ponto de vista do produtor?

Souza – Precisamos superar este momento de crise mundial que também atinge a suinocultura do Brasil. Eu diria que a grande superação se dará em torno da qualidade, por isso, o foco novamente no status sanitário de SC.  Há uma necessidade cada vez mais visível de produção de alimentos no mundo, com nosso diferencial Santa Catarina vai conquistar mercados cada vez mais exigentes.