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Plantio de orgânico ganha espaço no mercado do PR

Com o orgânico, aumenta o número de funcionários nas fazendas.

Da Redação 04/12/2003 – 06h00 – No caminho inverso das sojas transgênica e convencional, o plantio da oleaginosa orgânica começa a despontar como alternativa de mercado no Paraná. Entre 2001 e 2002, a produção saltou de 11.536 para 16.282 toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). Um dos mais novos adeptos da cultura orgânica é Silvério José Guerini, de São Miguel do Iguaçu, na região Oeste. Depois de plantar soja convencional durante 24 anos no Paraguai, hoje ele aposta suas cartadas em 270 hectares de soja orgânica de olho na Europa.

Detentor da maior plantação de soja orgânica do Oeste, em uma fazenda situada no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, Guerini começou a investir na cultura há três anos por influencia do filho, Sílvio.

Empate

Segundo o agricultor, atualmente o custo de produção está empatando ou sendo um pouco mais alto do que a da soja convencional devido à sua inexperiência em lidar com a cultura sem agrotóxicos e a falta de pesquisas na área. No entanto, ele espera diminuir 50% das despesas quando tiver tecnologia adequada para o plantio. “Estamos aprendendo a plantar”, informa.

Na safra deste ano, os Guerini conseguiram ter um lucro de US$ 3 a US$ 4 por saco em uma época em que os preços da soja convencional e da orgânica praticamente se equipararam. No ano anterior, o orgânico chegou a custar US$ 5 a mais que o convencional. Um dos mercados que já manifestaram interesse na soja plantada em São Miguel do Iguaçu foi da Suíça.

Guerini e o filho pretendem instalar um silo na propriedade para vender o produto. Mas a falta de financiamento e de incentivos para quem planta orgânico está dificultando o projeto para fomentar o negócio.

Para quem plantou soja convencional por mais de duas décadas, cultivar orgânico é um aprendizado e um exercício de persistência. Uma das mudanças começa pela limpeza da área de plantio. Em vez de herbicidas, que evitam o surgimento de pragas e do mato, o agricultor contratou para esta fase de plantio cerca de 90 empregados temporários, gerando postos de trabalho no campo. Uma máquina complementa o serviço. Somente a mão-de-obra tem um custo de R$ 6 mil por semana. Na agricultura convencional bastariam três funcionários para dar conta do recado.

O controle das pragas é feito com soluções alternativas, tais como uso de produtos naturais à base de plantas e técnicas homeopáticas. Para baratear o custo da produção, os agricultores pensam em formar uma cooperativa na região.