Em meio à pressão de Hong Kong para restringir o número de frigoríficos brasileiros habilitados a exportar carnes à cidade, o Ministério da Agricultura propôs a criação de uma lista com 350 estabelecimentos autorizados, disse uma fonte ao Valor.
Atualmente, qualquer estabelecimento que compõe a chamada lista geral pode exportar a Hong Kong — essa lista, que conta com cerca de 700 plantas, é definida pelo governo brasileiro. Por causa da repercussão da Operação Carne Fraca, porém, as autoridades de Hong Kong decidiram rever o modelo, exigindo do Brasil uma lista de plantas que seguiriam regras sanitárias específicas.
As negociações com Hong Kong, que se arrastam desde o ano passado, estiveram perto de representar uma derrota para o Brasil. Diante da demora do Ministério da Agricultura em formular a lista de unidades sujeitas às exigências de Hong Kong, as autoridades da cidade chegaram a avaliar a possibilidade de uma lista com apenas 80 frigoríficos, o que poderia representar uma forte redução das exportações à cidade.
Com o avanço das negociações — e a proposta feita pelo Ministério da Agricultura –, a avaliação é que os exportadores não serão prejudicados, porque das 700 plantas da lista geral, cerca de 230 vendem com frequência para Hong Kong, afirmou uma fonte que acompanha as conversas. A pretensão do Ministério da Agricultura é que cerca de 350 unidades estejam na nova lista. No mínimo, assegurou a fonte, 296 plantas já poderiam ser habilitadas por atenderem os requisitos de rastreabilidade exigidos por Hong Kong.
A cidade, que é uma região administrativa especial da China, é extremamente relevante para os frigoríficos. Espécie de escala para acessar a China continental, Hong Kong é a maior compradora da carne bovina do Brasil, respondendo por cerca de 25% dos embarques totais, e a segunda maior de carne suína, representando mais de 20% das vendas. No acumulado do ano até setembro, as exportações brasileiras de carnes do Brasil a Hong Kong renderam US$ 1,8 bilhão, segundo dados compilados pelo Ministério da Agricultura.