Em meio aos focos de influenza aviária na América do Sul, o Paraná, maior produtor de frangos do País, intensifica as ações sanitárias de prevenção e controle dos plantéis. Entre as medidas, o governo do Estado pretende solicitar ao Ministério da Agricultura tornar o Estado ou a região Sul uma unidade autônoma, como ocorreu com a peste suína clássica quando foi reconhecido como área autônoma e como zona livre da doença.
“Estamos crescendo, abrindo novos mercados, fortalecendo posições e, portanto, precisamos evoluir até mesmo para uma decisão técnica política com Executivo de constituir ou o Paraná o Sul do País, onde está 70% da avicultura nacional, uma unidade autônoma, isolada do resto do Brasil. Se, por exemplo, o vírus ingressar no Amazonas, derruba o nosso status perante o mundo”, disse o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Norberto Ortigara, ao Broadcast Agro, durante o Show Rural Coopavel, feira agrícola realizada pela cooperativa Coopavel.
De acordo com o secretário, mesmo que não tenham sido identificados casos da doença no Brasil, a situação requer atenção do governo estadual e dos agentes privados, dada a proximidade do Estado de países com focos da doença, embora o Brasil siga livre de gripe aviária. “Estamos preocupados porque Estados Unidos, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Uruguai e Paraguai já identificaram a doença. Isso nos preocupa porque respondemos por 34% da produção, por 40% da exportação da carne de frango e é o segundo produto que mais gera valor no campo paranaense”, pontuou.
Ele defende que a medida de constituir o Estado uma unidade autônoma foi bem-sucedida na prevenção e controle da peste suína clássica. “A tendência é que sigamos tecnicamente e politicamente nessa direção. Isso já foi objeto de conversa nossa com o novo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura na semana passada. Vamos também reforçar medidas de biossegurança para não termos um desastre caso essa enfermidade ingresse no nosso Estado”, acrescentou.
Nesta semana, o governo estadual reuniu a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e o Comitê de Sanidade Avícola para debater o tema.
Ortigara ressaltou que o Estado adota plano de prevenção contra gripe aviária desde 2011, quando os criadores passaram a ser obrigados a possuir tela nos aviários para limitar a entrada de animais externos. Outra ação adotada no momento, segundo o secretário, é o reforço dos inquéritos sorológicos de aves caseiras no Estado.
O secretário observa que a região do Estado que faz fronteira com o Paraguai, onde já existem focos da doença, é monitorada em parceria com o Ministério da Agricultura por meio do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro). “Na região, estamos junto com governo federal reforçando medidas sanitárias de ingresso e, eventualmente, podemos até evoluir para um aperto na entrada. O problema é que o vetor pode ser uma ave migratória, um pássaro qualquer, e não temos como ter controle sobre isso, mas temos a possibilidade de reforçar as medidas de biossegurança no entorno dos aviários para evitar o ingresso”, comentou.
Mais cedo no evento, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), disse que o Estado vai conversar com Santa Catarina e Rio Grande do Sul para formarem um bloco isolado dos demais Estados brasileiros. “É um planejamento de prevenção caso esse vírus fique mais perto ou chegue ao Brasil.
Paralelamente, estamos intensificando as ações com os órgãos de controle e defesa sanitária do Estado, reforçando investimento para ampliar monitoramento com testes e fazer acompanhamento genético em toda a produção para evitar a entrada da doença”, afirmou. “Isso nos preocupa, mas na parte pública estamos construindo mecanismos para evitar a entrada da gripe aviária.”.
Oportunidade
Se de um lado o recrudescimento dos focos da gripe aviária nos países próximos ao Estado acende uma alerta vermelho no setor produtivo, a permanência do Estado livre de influenza em meio à ocorrência de casos nos outros players pode gerar oportunidades para as exportações de frango paranaense. “Com certeza, isso desloca o eixo de originação. Quando o mundo olha com receio para os Estados Unidos, porque há influenza lá, o comprador pode optar por originar no Paraná ou em Santa Catarina. Para o Brasil, isso pode significar até uma ampliação do horizonte comercial a favor da nossa avicultura”, estimou Ortigara.