Redação SI (01/06/07) – Bastante popular, o premier, Wen Jiabao, faz aparições públicas na TV com a esperança de garantir a confiança dos cidadãos preocupados.
A crise toca em preocupações incrustradas no imaginário coletivo nacional. O suíno é a escolha alimentícia para a maior parte da população. O palavra "comida" significa " suíno" para a maioria dos chineses, e a população urbana consumiu uma média de 19 quilos da carne por pessoa em 2006, de acordo com o Ministério da Agricultura.
O preço crescente da carne do animal – que aumentou mais de 43% em um ano – lança um alerta sobre as políticas alimentares da China. A euforia econômica provocou a alta vertiginosa na bolsa de valores e ampliou o abismo que separa os ricos dos pobres, um tema sensível para o Partido Comunista.
Com um encontro chave do partido neste ano e com expectativas antecipadas da Olimpíada de Pequim, os líderes chineses querem manter a população satisfeita.
"O governo está muito menos confiante estes dias do que pode parecer para quem olha de fora", disse Russell Leigh Moses, analista político baseado em Pequim. "A cidade está incomodada por toda uma série de problemas de quem é anfitrião, que realmente desafiam sua legitimidade e sua imagem como uma administração de governo cada vez mais moderna".
A inflação exerceu um papel fundamental em diversos levantes políticos anteriores, erodindo o apoio para os nacionalistas há 60 anos e inflando o movimento democrata na Praça da Paz Celestial, em 1989.
Por isso, o premier, que construiu sua reputação como o homem do povo, confirmou o alto nível de preocupação com as visitas realizadas no último fim de semana a fazendas e mercados no coração da província de Shaanxi. "O aumento do preço do porco deve ter um limite porque alguns moradores da cidade não conseguem arcar com a despesa", disse Jiabao. "A situação precisa de um ajuste de mercado".
O premier convocou uma reunião de emergência com o gabinete e ordenou que os governos locais aumentem o suprimento de comida para as famílias de mais baixa renda e a ofereça aos fazendeiros subsídios para encorajar a criação do animal.
"A produção e distribuição do porco e seus derivados estão ligados à sobrevivência da população e influenciam em toda a situação", o escritório geral do Conselho de Estado afirmou em um comunicado divulgado na quarta-feira (30-05).
Mas a circular não fez qualquer menção à situação ainda mais dramática explorada pela mídia: baixar os preços por meio do incentivo ao processo de congelamento do suíno e a criação de uma reserva viva do animal, que o governo mantém para se proteger em situações graves de escassez.
A produção de suíno e seus preços são cíclicos. O valor médio do animal inteiro fica em torno de R$ 2 meio quilo – 43% acima do preço do ano passado.
Várias razões contribuíram para a atual situação. No ano passado, fazendeiros foram surpreendidos por uma super oferta do animal e com preços crescentes dos insumos- como o milho, que encareceu mais de 20% – que os levaram a parar de alimentar os animais.