Redação (25/05/07) – Mesmo com o câmbio abaixo de R$ 2, o cenário de riscos para o produtor de grãos nos próximos 18 meses se apresenta mais favorável que nos anos anteriores, quando o dólar esteve no centro da perspectiva de rentabilidade e acabou sendo o vilão da crise agrícola. O risco menor hoje se sustenta não só pelos altos preços internacionais dos grãos – sobretudo de soja e milho. Mas também porque a tendência é de continuidade de alta das cotações, sobretudo, pela nova demanda energética.
"O paradigma de formação de preços dessas commodities foi quebrado e agora o mercado está em busca de encontrar um outro, que tem tendência a ser mais alto que o atual", diz o consultor da FCStone, Gonzalo Terracini.
Para Fernando Pimentel, sócio da Agrosecurity, se o produtor tiver que trabalhar com uma variável para definir seu plantio, esta tem de ser os preços. "Isso porque o componente câmbio parece controlado no atual governo, ou seja, salvo se ocorrer um fator extraordinário, o câmbio não deve ter muita volatilidade nos próximos 18 meses, de forma a gerar um erro de julgamento do produtor", diz. A mesma "tranquilidade" não é esperada para as commodities agrícolas.
Muita volatilidade é vislumbrada pelos analistas nos próximos meses. No entanto, a boa notícia é que as oscilações devem ser mais intensas para cima. "Você tem uma situação em que a possibilidade de alta acentuada é muito maior que a de queda acentuada, o que torna o cenário de risco mais favorável ao produtor que em agosto passado, quando ele estava decidindo o plantio", afirma Pimentel.
No caso do milho, por exemplo, os preços podem alcançar patamares superiores a US$ 5 o bushel na Bolsa de Chicago (CBOT), quando a média histórica é de US$ 1,80 a US$ 2,30. "Mas, isso, se a safra americana sofrer perdas por causa do clima e ficar abaixo dos 300 milhões de toneladas, quando o esperado é 315 milhões de toneladas", alerta Pimentel. Ainda assim, segundo ele, há fortes chances de os preços internacionais do milho se acomodarem entre US$ 3 e US$ 4 o bushel mesmo sem problemas na safra americana ou em US$ 4,30 ou US$ 4,40 o bushel, se houver alguma queda, que mantenha a produção acima de 300 milhões de toneladas. "todos os casos mostram patamares acima da média histórica do milho", diz.
O que se está desenhando, segundo Terracini, é uma mudança de paradigma na formação de preços internacionais dos grãos, motivada pela demanda energética. "O preço histórico da soja a US$ 5,50 o bushel não é mais referência. O mercado está tentando estabelecer essa nova formação", avalia. Esse "novo" valor médio deve se estabelecer entre US$ 6 e US$ 7 o bushel, segundo ele.